Publicado em: 13 de agosto de 2025
A 21ª rodada da Série B expôs realidades opostas para a dupla Re-Pa, evidenciando não apenas o momento contrastante de Remo e Paysandu, mas também as oscilações características da competição. Enquanto o Remo aproveitou a oportunidade para somar três pontos valiosos fora de casa, diante do América-MG, no sábado (09), o Paysandu frustrou sua torcida ao ser derrotado pelo Vila Nova, na segunda-feira (11), e segue em situação preocupante na tabela.
O Remo viajou a Minas Gerais com o objetivo claro de se manter próximo do pelotão de frente – e cumpriu a missão com autoridade. A vitória foi construída logo no início, com um pênalti convertido por Marrony. Aproveitando-se da má fase do “Coelho”, o time azulino não apenas consolidou o resultado como empurrou o adversário para uma crise ainda mais profunda. O triunfo manteve o clube firme na disputa por uma vaga no G-4: com 33 pontos, está a apenas um da Chapecoense-SC, quarta colocada.
Apesar das críticas persistentes ao trabalho do técnico português António Oliveira, o elenco amplo e de alto custo tem sustentado o Remo entre as melhores campanhas desde o início da Série B. A briga pelo acesso é concreta. Para alcançar a terceira ou quarta colocação e, assim, garantir vaga na Série A de 2026, a projeção indica a necessidade de somar entre 61 e 64 pontos.
Na próxima rodada, a 22ª, o Remo recebe o Botafogo-SP no Mangueirão, no sábado (16). Um novo triunfo pode alçar a equipe até a terceira posição, reforçando ainda mais a condição de candidata ao acesso.
No lado bicolor, o sentimento é de frustração. O Paysandu recebeu o Vila Nova, adversário que vinha sendo “freguês” nos confrontos recentes – especialmente em 2024 –, mas voltou a decepcionar em casa. Em mais uma atuação apagada, perdeu por 1 a 0, quebrando uma invencibilidade de 9 partidas na Série B e sob o comando de Claudinei Oliveira. Mesmo com forte presença da torcida, o time mostrou pouca criatividade na construção ofensiva e acumulou falhas defensivas decisivas. O revés mantém o Papão afundado na zona da degola, com 21 pontos, aumentando a pressão sobre elenco e comissão técnica.
O gol sofrido desestabilizou emocionalmente a equipe, que até buscou reagir, mas sucumbiu à própria ansiedade e à solidez defensiva do Vila. As mudanças promovidas por Claudinei não alteraram o panorama. Para completar, o autor do gol goiano foi João Vieira, ex-ídolo bicolor, que defendeu o Paysandu nas últimas três temporadas e deixou o clube em rota de colisão com a atual diretoria — um detalhe que adicionou um amargo simbolismo à derrota.
Com mais uma rodada desperdiçada, a distância para escapar do Z-4 permanece inalterada, enquanto a margem para tropeços se estreita perigosamente. O próximo jogo, conta a Chapecoense-SC, na Arena Condá, anuncia-se como decisivo para impedir que a crise atinja um ponto sem retorno. O momento exige mais que explicações e discursos: o Paysandu precisa transformar urgência em pontos, sob risco de ver o ano se transformar em um pesadelo.
A crise atual também expõe um problema estrutural: o planejamento equivocado da diretoria. As lacunas no elenco são evidentes – o time carece de peças-chave em setores estratégicos. Para agravar, o clube sofre as consequências do transfer ban imposto pela FIFA no caso Keffel, que impede a inscrição de reforços – justamente em um momento em que a reposição de nomes e a elevação do nível técnico são urgentes.
Assim, a 21ª rodada deixa claro que o futebol paraense vive dois cenários antagônicos na Série B. Enquanto o Remo sonha alto e mira o G-4 com números e bons resultados, a despeito das atuações sofríveis, o Paysandu luta para não se afundar ainda mais no Z-4. Para os torcedores dos dois clubes, a expectativa é que a próxima rodada traga novos capítulos – de preferência, com mais comemorações e menos apreensão.
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