Publicado em: 27 de outubro de 2025
A 34ª rodada da Série B do Campeonato Brasileiro de 2025 escancarou o abismo que separa hoje os dois maiores clubes do futebol paraense. De um lado, o Remo vive o auge da temporada, embalado por uma sequência impressionante de vitórias que o coloca cada vez mais perto do retorno à elite nacional. Do outro, o Paysandu amarga o drama do rebaixamento, acumulando tropeços dolorosos que tornam o futuro imediato cada vez mais sombrio.
Na sexta vitória consecutiva, o Leão Azul mostrou novamente força, confiança e maturidade. Jogando com intensidade e precisão, na capital do Mato Grosso, nesta sexta (24), o time de Guto Ferreira não tomou conhecimento do Cuiabá e venceu com autoridade, por 3 a 1, garantindo mais três pontos fundamentais na briga pelo acesso. Pela primeira vez em décadas, o torcedor remista pode sonhar com algo concreto: a Série A de 2026.
Com o resultado, o Remo se firma no G-4 e começa a fazer contas. A matemática, desta vez, joga a favor: bastam mais duas vitórias nas últimas quatro rodadas para consolidar o tão esperado retorno. O clube já conquistou 57 pontos. Há inclusive a chance real de o clube conquistar o título inédito da Série B. O elenco parece ter encontrado o equilíbrio ideal entre juventude e experiência, e o ambiente no Baenão reflete o bom momento – confiança, união e uma torcida que empurra sem parar.
Enquanto isso, o Paysandu vive uma realidade oposta e dolorosa. A derrota em casa, desta vez para o Avaí, por 2 a 1, no sábado (25), foi recebida com vaias e protestos. O time, que começou o campeonato com ambições de brigar na parte de cima, desabou no segundo turno. A sequência negativa transformou a Curuzu em um território de tensão. O rebaixamento, antes uma ameaça, agora é praticamente uma sentença. Matematicamente, a queda pode ser confirmada na próxima jornada – já que o Paysandu tem apenas 27 pontos conquistados.
Os números não mentem. O Paysandu tem uma das piores defesas da competição e não vence há sete jogos. As mudanças no comando técnico, que se sucederam ao longo da temporada, não surtiram efeito. O torcedor bicolor, acostumado a grandes momentos e rivalidades equilibradas, vê o rival brilhar enquanto o próprio time se perde em campo e nos bastidores. A Série C de 2026 já aparece no horizonte — fria e implacável.
O contraste entre os dois gigantes paraenses é tão simbólico quanto cruel. Em um mesmo campeonato, Remo e Paysandu seguem caminhos opostos — um subindo, outro caindo. A alegria azulina se mistura à tristeza bicolor, e Belém vive intensamente essa dualidade de sentimentos que só o futebol é capaz de proporcionar. A cidade respira bola, mas com corações divididos.
Para o Remo, o desafio agora é manter os pés no chão e confirmar o acesso. Cada ponto conquistado é uma parte da história sendo reescrita, e o torcedor sente que o clube finalmente reencontrou seu rumo. Para o Paysandu, resta olhar para dentro, repensar o projeto e reconstruir, com humildade e planejamento, o caminho de volta. No futebol, como em tudo, o sucesso é feito de escolhas, trabalho e perseverança. O céu e o inferno, às vezes, estão separados apenas por noventa minutos.









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