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É fato que o atraso do Brasil e, especialmente, da Amazônia é
secular, mas assombra que estejamos prestes a assistir a repetição da história
econômica do Pará da 2ª metade do século XX, com os grandes empreendimentos
gerando enclaves em meio à floresta, a exemplo do Projeto do Ferro de Carajás e
do Polo de Alumínio da Albrás, Alunorte e Mineração Rio do Norte– Serra dos
Carajás em Parauapebas, Vila do Conde em Barcarena, Porto Trombetas em
Oriximiná -; do Projeto Jari – Monte Dourado, em Almeirim -; e da UHE-Tucuruí que,
com a arrogância dos escravocratas, criaram núcleos urbanos de interesses
restritos ao seu custo-benefício, ilhas de excelência segregando a pobre e
desprezada população local, criando bolsões de miséria nos municípios-sede,
favorecendo a exploração sexual, a delinquência infanto-juvenil, a proliferação
da violência em todas as formas e problemas de saúde, infraestrutura e
habitacionais, pelo brusco inchaço populacional.

Pois agora oito
ricos empresários de Altamira compraram 350 hectares no município de Vitória do
Xingu, às margens da Transamazônica e a cerca de 7 Km de onde será erguida a
barragem principal da UHE Belo Monte, onde pretendem criar um complexo
oferecendo comércio, indústria, serviços, moradia e lazer, a fim de explorar os
negócios milionários que serão gerados com o aproveitamento hidrelétrico do rio
Xingu. Um distrito igualzinho aos que a História já revelou perversos, com
postos de combustíveis, oficinas mecânicas, empresas de produtos e serviços
gerais, restaurantes, papelarias, farmácias, padarias, lojas de material de
construção, hotéis, alojamentos para operários, hospital, com urbanização
própria, enfim, uma cidade fechada onde os munícipes locais e do entorno não
terão vez. O grupo já vai apresentar ao consórcio Norte Energia a proposta e
quer começar ainda este ano a construir a sua cidadela.
Resta saber
o que o governo do Pará, parlamentares, prefeitos e o governo federal farão a
respeito. E clamar ao Ministério Público e ao Judiciário para que não permitam
que se consume mais uma vez essa atrocidade com os amazônidas.
Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, membro da Academia Paraense de Jornalismo, da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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