0

“A realidade (a mão visível do mercado) contribui para moldar o atual perfil dos nossos veículos jornalísticos que, nos últimos anos, têm se empenhado mais em buscar a sua sustentabilidade do que em garantir a sua independência editorial. Por isso, abundam os “publieditoriais” e “os projetos de mercado” (denominações que visam mascarar formas modernas de “jabaculê”) e relações nem sempre éticas entre redações e anunciantes. Neste cenário, o sensacionalismo da mídia (louquinha para encontrar uma tragédia pessoal que a livre de investigar o que é realmente relevante) e seus espasmos de denuncismo (que perpetram episódios como o da Escola Base) apenas confirmam a tese de que o jornalismo brasileiro anda sem norte, sem escrúpulo e sem tesão. Anda cacarejando demais sem botar ovo algum. É necessário, urgentemente, alterar este panorama, porque a sociedade continua acreditando que a imprensa pode contribuir para ampliar o debate, desmascarando pessoas e organizações que agem por debaixo dos lençóis, combatendo privilégios e monopólios e, sobretudo, estabelecendo parcerias em prol da autêntica cidadania. O jornalismo deve ser visto, antes de tudo, como militância cívica (não confundir com partidária!). Não pode cristalizar-se como uma atividade que se segue ao recebimento de um diploma e de um número de registro no MTb e que se exerce em 5 ou 7 horas diárias de trabalho. Burocrática e desinteressadamente. A imprensa brasileira precisa definitivamente sair desta letargia, sacudir sua preguiça mental, recuperar sua capacidade de investigação, tirar a bunda da cadeira. Se ela se dispuser a esse esforço, chegará facilmente à conclusão (ufa, até que enfim!) de que existe vida além dos leads e dos releases”.(Wilson da Costa Bueno, jornalista, professor da UMESP e da USP, diretor da Comtexto Comunicação e Pesquisa).

Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, membro da Academia Paraense de Jornalismo, da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

Distrato

Anterior

Turismo?

Próximo

Você pode gostar

Comentários