0
O prejuízo devido aos atoleiros e milhares de caminhões transportando soja parados na BR-163, a Santarém-Cuiabá, já é de R$350 milhões, conforme o presidente da associação de exportadores e indústrias (Abiove), Carlo Lovatelli. Dezenas de contratos tiveram que ser renegociados, cargas foram desviadas para os portos do Sul/Sudeste, no outro lado do país, multas por atrasos nos navios que aguardam os produtos nos portos do Norte foram aplicadas, o custo adicional pelo frete atingirá os produtos, além da imagem do Brasil pela enésima vez abalada no mercado internacional.
E tudo isso poderia ser evitado se os 100 quilômetros de estrada de terra no Pará fossem asfaltados, ao custo de R$200 milhões, o que se paga em menos de uma safra. É uma vergonha.

Os ministros Blairo Maggi (Agricultura, Pecuária e Abastecimento) e Maurício Quintella (Transportes, Portos e Aviação Civil) deram entrevistas afirmando que adotarão “medidas de curtíssimo prazo para manter a rodovia trafegável até o fim da safra de grãos”. E foi criado o milésimo Grupo de Trabalho composto por representantes do governo federal e empresários do setor, além de comitê gestor para atuar no local. Por sua vez, o diretor geral do DNIT, Valter Cassimiro, informou que a meta é asfaltar 60 Km, em 2017. No ano que vem, serão asfaltados mais 40 Km. O que significa que a rodovia continuará esburacada e poeirenta no verão e com atoleiros inacreditáveis no inverno. O próprio DNIT admite que a BR-163 é uma “calamidade rodoviária”. Mas as tais medidas emergenciais são nada mais que o controle de tráfego com o “pare” e “siga”, alguma drenagem para escoar água da estrada, dando passagem aos caminhões com cargas mais pesadas e distribuição pelas Forças Armadas de 3 mil cestas básicas e 9 mil galões de cinco litros de água para caminhoneiros e familiares sitiados na região. Uma indecência. Afronta inaceitável aos parauaras.

Não é possível que a força-tarefa envolvendo Casa Civil, Ministério da Agricultura, DNIT, Polícia Rodoviária Federal, Exército, Defesa Civil e empresas do agronegócio não enxerguem que nada funcionará se não for asfaltada a estrada, com a drenagem adequada. Alguém está se beneficiando com esse descalabro, e certamente a população não é. Deputados estaduais e federais, senadores, governo e ministro do Pará precisam se mobilizar e exigir do presidente Michel Temer um basta a essa situação. O Pará espera há 41 anos a pavimentação da Santarém-Cuiabá. Já perdeu trilhões de reais durante todo esse tempo. Perdeu vidas humanas, que não têm preço! Não pode esperar mais à custa de tão assombroso sacrifício.

Ninguém ignora que a BR-163 é um importante canal de escoamento da safra brasileira, que liga as regiões produtoras de Mato Grosso com terminais fluviais às margens do rio Tapajós, no distrito de Miritituba, município de Itaituba(PA), onde a soja não chega desde o dia 14 de fevereiro para ser embarcada via porto de Santarém. Chuvas fortes acontecem todos os anos, não é novidade. Assim como se conhece de velhos carnavais o mutismo e o último plano a que o Pará tem sido relegado, historicamente. 
Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, presidente da Academia Paraense de Jornalismo, membro da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

Sortilégios e mistérios do Ver-O-Peso

Anterior

Operação Research da PF no Paraná

Próximo

Vocë pode gostar

Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *