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O jornalista William Waack interrompeu entrevista com a ex-ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, na CNN, para a entrada ao vivo do jornalista Caio Junqueira, que veio a Belém cobrir a Cúpula da Amazônia. Disse: “vamos conversar com o nosso homem na selva, ele está nos chamando lá de Belém, eu não quero deixar ele parado no meio do mato”. A ex-ministra imediatamente retrucou que Belém é “uma cidade agradabilíssima”, e Waack pontuou, com acentuada arrogância, que estava “zoando”. A imagem de Caio Junqueira entrou no ar em frente ao icônico Theatro da Paz, inaugurado em 15 de fevereiro de 1878 – bem antes do Theatro Municipal de São Paulo e do Theatro Municipal do Rio de Janeiro -, inspirado no Scalla de Milão e orgulho do Pará.

Waack sabe – ou deveria saber – o que falar de Belém. Afinal, além da graduação em Jornalismo, ele é professor, sociólogo, cientista político e mestre em Relações Internacionais. Já publicou quatro livros e venceu duas vezes o Prêmio Esso de Jornalismo.

Waack se acha muito superior. Durante a cobertura das eleições à Casa Branca nos EUA, em 2016, minutos antes de entrar ao vivo pela TV Globo, alguém na rua disparou uma buzina e ele, irritado, comentou com o colega Paulo Sotero: “É preto, isso é coisa de preto!”. Foi demitido porque o Ministério Público do Trabalho do Rio de Janeiro processou a emissora. Ao invés de reconhecer o erro e pedir desculpas, Waack criticou a sociedade brasileira, declarando que o país “só tem gente certinha”.

Ele não é o primeiro e nem será o último sudestino a desmerecer Belém, o Pará e a Amazônia. Desde que Belém foi anunciada como sede da COP 30 proliferam afirmações negativas sobre a cidade e o estado. Cabe a nós mostrar que não somos almoxarifado e nem lixeira do planeta. Que depois de mais de meio milênio de colonialismo somos capazes de protagonizar a nossa própria história, pensar e equacionar nossas questões e decidir o nosso destino.

Como todo grande evento, a Cúpula da Amazônia e os eventos que a precederam tiveram prós e contras, e precisam servir de reflexão para a COP 30. O que queremos deve ser coerente com o que fazemos. Se os contratados para a COP são os sudestinos, como esperar que o nosso povo se reconheça valorizado? Não precisamos dançar carimbó para os bwanas, temos mentes brilhantes, capazes de construir os projetos e processos necessários ao bem estar coletivo parauara.

Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, membro da Academia Paraense de Jornalismo, da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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