0
 

A obra monumental do poeta, prosador, ensaísta, romancista, ficcionista, dramaturgo, folclorista, professor e pesquisador João de Jesus Paes Loureiro, sem favor algum um dos intelectuais mais importantes do Brasil, obteve hoje (5) o reconhecimento como patrimônio cultural imaterial do Pará, em lei de iniciativa da deputada Lívia Duarte aprovada à unanimidade na Alepa.

Doutor Honoris Causa pela Universidade da Amazônia, cadeira 25 na ALB, que tem como patrono Emílio Moura, Paes Loureiro tomará posse em 30 de outubro na cadeira de nº 9 da Academia Paraense de Letras, patronímica de José Coelho da Gama e Abreu, o barão de Marajó, cujo último ocupante foi o saudoso professor Edson Franco.

Pensador inquieto e criativo, sempre aberto às interlocuções entre poesia, música e outras linguagens artísticas, JJ Paes Loureiro viveu intensamente os embates na ditadura militar no Brasil, foi perseguido e preso. Interlocutor de Vinicius de Moraes e Mário Quintana, Carlos Drummond de Andrade, Ivan Junqueira e Gilbert Durand, tem poemas musicados pelo Quinteto Violado, Salomão Habib, Sebastião Tapajós e Paulo André Barata.

Aos 86 anos, sua vasta produção cultural abrange literatura, teatro, cinema, música e cultura popular. Sua obra destaca-se pela abordagem do conceito de “diversidade diversa”, transita das lendas à literatura, passando pela artesania e pelo teatro popular, como o Pássaro Junino.

O maior poeta vivo da Amazônia é professor de Estética e Arte e um eterno curioso. Sua obra, marcada por referências à cultura, história e mitologia da Amazônia, constrói uma leitura singular do mundo contemporâneo, em diálogo com as correntes literárias da atualidade, o mito como metáfora do real.

Professor de Estética e Arte, mestre em Teoria da Literatura e Semiótica pela PUC/Unicamp, doutor em Sociologia da Cultura pela Sorbonne, Paes Loureiro mergulha na oralidade cabocla, nada de braçadas na cultura ancestral, história, imaginário popular e deságua no universal, metafísico, existencial, tornando as encantarias um espelho do mundo. Sua literatura vanguardista extrapola os limites da escrita. A força de sua narrativa reconstrói língua, espaço e linguagem. É um ícone amazônico com dimensão planetária.

Homem à frente de seu tempo, Paes Loureiro foi um divisor de águas quando exerceu os cargos de secretário de Estado de Cultura e de Educação, ambos no Pará. Criou e presidiu a Fundação Cultural do Pará; idealizou, criou e presidiu o Instituto de Artes do Pará. Foi, ainda, secretário de Educação e Cultura de Belém. Coleciona prêmios da maior importância e vários de seus livros foram traduzidos e publicados na França, Alemanha, Itália, Portugal, Japão e China.

Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, membro da Academia Paraense de Jornalismo, da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

Vestir a carapuça

Anterior

Gestão social da Bacia do Tapajós terá audiência pública com participação presencial e on-line

Próximo

Você pode gostar

Comentários