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A longa noite de terror motivada pelo pânico criado através de falsas notícias disseminadas pelas redes sociais acerca de uma chacina envolvendo 119 pessoas em Belém, em represália ao assassinato de um PM, precisa levar a uma profunda reflexão a sociedade, os políticos e o governo. O estilo foi PCC: escolas, bares, restaurantes e residências estariam fechados, principalmente nos bairros de Canudos, Terra Firme, Guamá e Jurunas, corpos nas ruas, população trancada em casa. Verdadeiro massacre. Periferia de Belém sitiada, chacina dos pretos, gente conferindo corpos pela rua, pessoas presas em casa e com medo. Notícias de guerra. Motins nas 41 unidades prisionais do Estado. Fotos de cadáveres, áudios e vídeos de supostos PMs mandando todo mundo ficar em casa e outros de bandidos comemorando o assassinato do PM e tiroteios circulavam aterrorizando a todos. A falta de informações oficiais aumentou o pavor e estimulou a multiplicação dos boatos.  Só o assessor de comunicação da Susipe, jornalista Timóteo Lopes, ficou boa parte da madrugada tentando conter o pânico, pedindo calma e que esperassem as informações oficiais, divulgadas às 3:37h pela Agência Pará, por ele e Lali Mareco(Susipe), e Walrimar Santos, assessor de comunicação da Polícia Civil.  Felizmente não foi tão grave quanto quiseram fazer crer. Mas isso revelou a fragilidade das áreas de inteligência da Segup e das redes sociais da Secom em lidar com esse tipo de situação. Agora cabe apurar o nexo entre as mortes e as responsabilidades, com a devida prestação de contas à população.

Por outro lado, a pressa em levar adiante mensagens de WhatsApp e posts nas redes sociais, antes da apuração dos fatos, periga ampliar boatos disseminados por traficantes e assim compactuar com eles. De que existe grupo de extermínio da polícia não se duvida; porém, o Parlamento, a imprensa e entidades sociais não podem embarcar no jogo dos bandidos que pretendem desestabilizar a sociedade. Precisamos, todos, ter serenidade e remar na mesma direção, em busca de alternativas que garantam a efetiva segurança da população. 

Muitas das fotos que circularam na noite passada eram de pessoas mortas na boate Kiss, que foram divulgadas como sendo de pessoas mortas em Belém. É preciso ter responsabilidade no que se propaga. Todos queremos respostas, vivemos atordoados com tanta violência, é uma sensação que vai além do medo. Coincidentemente – ou não – ontem houve o anúncio da criação do núcleo do Comitê Permanente da América Latina para Prevenção do Crime na Amazônia, com sede em Belém, a partir de dezembro. O comitê do Coplad no Pará vai coordenar todos os estudos e pesquisas na área da prevenção do crime por meio de um programa gerencial que terá conexão direta com a sede do instituto Latino-Americano das Nações Unidas para Prevenção do Crime e Tratamento do delinquente, localizado em San Jose, na Costa Rica, e também com a ONU em Viena, na Áustria. A quem não interessa?
Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, membro da Academia Paraense de Jornalismo, da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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