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Primeiro, não tenho nenhum preconceito contra artistas locais que estão nas mídias, como Batidão, Gaby e outras que tais. Acho que fazem música pop e não mais brega. Instrumentalmente, agora, estão em outro ponto. Música pop acontece quando os artistas tomam o que há de mais verdadeiro na cultura musical de suas regiões e misturam com batidas e teclados eletrônicos da modernidade. Não, eu não gosto das melodias, muito menos das letras, estas, em nível de “Atirei o pau no gato”, quando não com intenções claras, de maneira lamentável. Não há tentativa de melhorar. O público adora, quer apenas pular, beber e beijar as meninas de shortinho enfiado na… Mas os artistas, as cantoras que fazem sucesso no sudeste, algumas até internacionalmente, também fazem a mesma coisa. Enfim.

Continuo curioso, comprando álbuns através de streaming e me decepcionando, quase sempre. Agora há Alulu, jovem, linda, compositora, cantando seu primeiro álbum, “Põe esperança nisso”. Voz quase ingênua, já afirma na primeira faixa ser “namoradeira”. São baladas repetitivas até nos arranjos, e embora uma outra seja “bonitinha”, não sobrevive à segunda escutada.

Odessey & Oracle é o título do mais famoso trabalho dos Zombies, final dos anos 60, começo dos 70. Foram para primeiro lugar com “Time of the Season”, que é bem interessante. Som da época, muita melodia, letras jovens mas não ralas. As faixas vão passando e queremos ouvir mais.

“La vie em bossa”, com a cantora Valeria Sattamini é quase um Muzak, pois a moça tem voz intimista e traça clássicos da música francesa em ritmo de bossa nova. Você ouve uma vez e nunca mais.

“The Lamb Lies Down on Broadway” é um dos discos icônicos da banda Genesis, antes de Peter Gabriel deixar os vocais, substituído por Phil Collins. Album duplo, no tempo do vinyl, ainda funciona pelos arranjos e melodias, especialmente em “The Carpet Crawlers”. Comemora 50 anos de seu lançamento, o que é custoso admitir, na passagem do tempo.

Renato Braz é um excelente cantor que nunca obteve o sucesso merecido e agora apresenta “Canario do Reino”, renovando sucessos de Tim Maia. Nota dez para a seção de metais, uma das predileções do gordo, mas quase sempre, preferimos ouvir o original.

“O Lado B da Bossa”, apresenta a lenda Roberto Menescal, ainda em atividade, dividindo as faixas com a ótima Chris Delano, outra a não obter o sucesso merecido. O repertório é de primeira linha, com canções que também são clássicos do gênero, mas sem merecer o destaque devido. Será que é pra ouvir e nunca mais? Não, mais respeito ao Menescal.

“Bruna Magalhães canta Paralamas” é uma idéia excelente, principalmente nas baladas de Herbert Vianna. Podia ser muito melhor, mas os arranjos são repetitivos e o vocal de Bruna, boa menina, pra casar, tão ingênua, não decola nunca. Saudades de Cassia Eller, Marisa Monte e tantas outras.

A gloriosa e sempre excelente Jane Duboc apresenta “Você e eu”, cercada por músicos como Nelson Faria, Roberto Menescal, Rodolfo Cardoso e Jefferson Lescowich, repertório de clássicos da bossa nova e uma cantora que é especialmente talentosa. Para ouvir muito.

Saiu também uma versão diferente de um dos álbuns emblemáticos do chamado rock progressivo, “Lizard”, do King Crimson, que considero a melhor banda de todos os tempos, destacando instrumentos que estavam quase escondidos nas faixas originais. Mas ainda não ouvi. Quando o fizer, será a conta gotas, para desfrutar melhor. É isso.

Edyr Augusto Proença
Paraense, escritor, começou a escrever aos 16 anos. Escreveu livros de poesia, teatro, crônicas, contos e romances, estes últimos, lançados nacionalmente pela Editora Boitempo e na França, pela Editions Asphalte. Foto: Ronaldo Rosa

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