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Thainá Lobato de Souza, 17 anos, filha da cozinheira Ana Carla Lobato e do assistente administrativo Rosivaldo Souza, moradora do bairro do Marco, em Belém, e estudante da Escola Estadual de Ensino Médio Albanízia de Oliveira Lima, cravou 980 pontos na prova de redação do Enem 2017. A prova vale 1.000 pontos. A adolescente, que quer cursar Direito e sonha atuar como delegada de polícia, é só elogios à escola – “porque tem muitos projetos e preza mesmo pelo ensino, pela aprendizagem” – e aos professores  – “são empenhados e orientam os alunos”.  

Desde o primeiro ano ela participa do projeto coordenado pela professora Ione Franco, de Língua Portuguesa, Literatura e Redação, que trabalhou o tema da convivência com as diferenças e incluiu como subtema a intolerância religiosa, justamente o que caiu na redação do Enem. 

No início, os estudantes tinham dificuldades com a argumentação e pouco cuidado com o texto. As professoras Ione Franco e Sueane Freitas passaram, então, a trabalhar com os alunos referenciais e argumentações do ponto de vista filosófico, histórico e sociológico, além do foco na linguagem. 

O resultado superou as expectativas. Textos, letras, poemas, fotos e conteúdos trabalhados em sala de aula foram mostrados em meio a elementos da construção civil, como tijolos, baldes de tinta, telhas e andaimes. Os rascunhos dos alunos para construir textos foram reunidos em um carrinho de mão. O carro com areia abrigou letras coloridas. Em uma escada, tópicos de gramática foram afixados nos degraus. Pensamentos filosóficos foram expostos em cartazes no meio de um “canteiro de obras”. 

Na avaliação do poeta Ronaldo Franco, que participa do projeto e é o orgulhoso marido da professora Ione, as escolas públicas têm sido agentes de transformação cultural ao associar o ensino instituído e o ensino lúdico. 

Thainá, por sua vez, tem convicção da importância da leitura e do gosto pelos estudos. “O importante é ler muito. Quem não lê não escreve bem, não tem boa caligrafia, não conhece novas palavras”, afirma a menina, lembrando que começou a gostar de ler porque ganhava de sua mãe muitos gibis, desde os quatro anos. E vejam só o conselho da jovem vitoriosa: “além de gostar de ler e pesquisar, é preciso que o estudante esteja atualizado sobre os principais temas que afetam diretamente a sociedade. A gente tem que ser nosso próprio avaliador, ser criterioso com o texto, não repetir palavras e usar muito bem os conectivos. Quem não lê facilmente é enganado, fica dependente dos outros, não tem autonomia. Quem não lê não descobre os prazeres do conhecimento”, sintetiza.

Thainá foi homenageada por toda a comunidade escolar. Também foram agraciados com medalhas os estudantes Késia Cristina Silva, Suziane Trindade, André Washington Silva, Gustavo Pinto, Ingrid Karoline Henrique, Larissa Silva, Amanda Braga e Bárbara Santos. Professores e amigos da escola e do projeto pedagógico, entre os quais o poeta Ronaldo Franco, receberam medalhas de reconhecimento. 

Na foto de Eliseu Dias, Thainá, seus colegas medalhados, os professores e o poeta Ronaldo Franco.
Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, membro da Academia Paraense de Jornalismo, da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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