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Hugo Tavares é mais um dos novos escritores paraenses a lançar livros. Este é seu quarto trabalho e mais uma vez, centra os acontecimentos em nossa cidade, de tal forma que o leitor possa se localizar, compor o cenário com suas próprias lembranças, o que acho ótimo. Essa vem sendo uma característica dos últimos escritos que tenho lido de autores locais. Gosto de sua escrita lúcida, contida e sem poupar nada. Aqui tudo se passa em uma Belém, talvez, da metade do século passado, quando a avenida Governador José Malcher ainda era chamada de “São Jerônimo”. Confesso que muitas vezes a menciono da mesma maneira. Há um casal há mais de trinta anos junto, cuja vida conjugal já entrou em uma fase mais tranquila. Mas a esposa, constantemente incentivada por uma empregada doméstica, passa a desconfiar do marido em um caso amoroso. Ela própria, ao vigiar, viu-o entrando na casa de uma costureira conhecida. O que vem a seguir é uma sequencia de ações movidas pela desconfiança, vingança e alcance improvável. Preciso dizer que se trata de um conto que parece ter ficado longo, mas não creio ser ainda um romance. Ficou um gosto de quero mais. No entanto louvo a escrita, que flui de maneira elegante e interessante, até um final surpreendente. O trabalho de edição da Trevo está bem feito, desde a capa. Recomendo.

Edyr Augusto Proença
Paraense, escritor, começou a escrever aos 16 anos. Escreveu livros de poesia, teatro, crônicas, contos e romances, estes últimos, lançados nacionalmente pela Editora Boitempo e na França, pela Editions Asphalte. Foto: Ronaldo Rosa

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