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Eu tinha convicção de que minha principal tarefa aqui era
representar, de forma coerente e corajosa, todo o povo do meu Estado também.
Para isso, era essencial que aqui estivesse uma mulher, mas uma mulher
trabalhadora e, principalmente, uma política ficha-limpa. Minha presença
representava a esperança do povo de ter, em seus representantes, a expressão de
seus interesses. Em cada dia que passei aqui, dediquei-me a honrar essa
delegação do povo do Pará; foram quase 800 mil votos com o menor orçamento de todos
os Senadores que aqui chegaram. Dediquei-me e procurei honrar cada voto desses.
Não vacilei em denunciar
a precariedade dos serviços públicos no meu Estado, em especial na cidade de
Belém. Estive atenta a cada acontecimento relevante, seja exigindo que os
excluídos fossem ouvidos, como no caso da construção da hidrelétrica de Belo
Monte, seja fazendo minhas as lágrimas das mães de adolescentes chacinados por
esquadrões da morte na capital paraense. Fui uma ardorosa defensora dos
direitos humanos nesta Casa. Não me intimidei com as ofensas homofóbicas de
quem quer que seja. Empenhei-me em desmantelar a rede de tráfico humano que
vitimiza especialmente meninas pobres do interior deste imenso País.
No dia de hoje, eu tive
o privilégio de entregar mais de 200 páginas à Comissão Parlamentar de
Inquérito, de entregar à Presidente da República uma contribuição única deste
Senado Federal na luta pelo enfrentamento do tráfico de pessoas neste País.
São quase 200 páginas,
Senador Álvaro Dias, dedicadas a tentar interpretar as muitas oitivas que
fizemos pelo País, ouvindo vítimas da barbárie capitalista, vítimas do descaso
do Estado, vítimas do modelo de desenvolvimento que tem explorado as nossas
riquezas naturais, como a mineração, o desmatamento para o agronegócio na nossa
região amazônica, e tem deixado lá as mazelas sociais, a fome, a pobreza, a
prostituição infanto-juvenil e o tráfico de pessoas.
Entregamos esse
relatório no dia de hoje, tentando sintetizar também a falta de preparo
político dos agentes que atuam no enfrentamento do tráfico e do pouco número de
agentes, não por falta de interesse desses servidores públicos, mas por falta
de investimento.

Eu não vou deixar de denunciar, Senador Moka, neste momento, mais uma vez, a
alguns minutos da votação da lei orçamentária, que, vergonhosamente, o governo
brasileiro dedicou ao Orçamento de 2012, mesmo com todos esses casos de
denúncias, mesmo com a falta de estrutura, tendo apenas oito núcleos de
enfrentamento espalhados pelo Brasil afora, mesmo com milhares de meninas sendo
assassinadas nas áreas de garimpo, no Pará, com cemitérios clandestinos, sendo
repostas a cada três meses, como se fossem mercadorias, como se fossem peças
trocáveis…”.

(Senadora
Marinor Brito(PSOL-PA), em seu último discurso, hoje, na tribuna do Senado.)

Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, membro da Academia Paraense de Jornalismo, da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

Secretário envolvido em exploração ilegal de madeira

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