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Paulo Fonteles Filho faz gravíssima denúncia em seu blog, em post intitulado As ameaças e a Abin no Pará.  Conta que ontem à noite foi seguido por um Fiat Palio preto no bairro da Cremação, em Belém e que desde 2010 tem denunciado pressões e intimidações ao Grupo de Trabalho Araguaia do Governo Federal, ao Conselho Federal da OAB, à Polícia Federal, ao MPF, à Comissão Nacional da Verdade e à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.
 
Relata que sua morte foi anunciada em rede social depois de longo depoimento em Processo Administrativo Disciplinar da Agência Brasileira de Inteligência, onde reafirmou que Magno José Borges e Armando Souza Dias – antigos agentes da repressão política com atuação no DOI-CODI durante a Guerrilha do Araguaia – estariam por trás do recolhimento de ossadas, em 2002, provavelmente de desaparecidos políticos, nas obras de requalificação do Forte do Castelo, no centro histórico de Belém do Pará.
E que quem teria recolhido tais ossadas seria o PM do DF Walter Dias de Jesus, que teria retornado a Brasília depois de cumprida a tarefa de se passar por funcionário da Secult, usando o codinome ‘Léo’, segundo a memória do então presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil, Moacir Martins.
 
As cópias dos documentos internos produzidos sobre este fato – testemunhado pelo ex-chefe da Abin Pará, Gladston Gonçalves Vilela de Andrade às fls 2.222 do processo n° 011.80000.565/2004 – vêm sendo pedidas ao GSI-PR e Abin desde maio de 2011 por meio do processo n° 011.80000.508/2011 (revisão do processo n°565/2004); mas, tragicamente o incêndio ocorrido em 26 de agosto de 2012 no prédio do Ministério da Fazenda, em Belém, deve ter destruído todos os documentos e eventuais despojos guardados ilegalmente nas instalações da Abin no Pará, que funcionava no 13° andar do edifício, revela Paulo Fonteles Filho.
 
Um pouco mais de um mês depois, em junho de 2011, um ex-mateiro recrutado pelas Forças Armadas, Raimundo ‘Cacaúba’, fora assassinado na Serra Pelada depois de colaborar com o Grupo Federal destacado para localizar os desaparecidos no Araguaia.
 

Paulo Fonteles Filho realça que, mais do que nunca, depois de aprovada a Comissão da Verdade do Pará, é preciso que a sociedade paraense saiba que na atual Casa das Onze Janelas funcionou a V Companhia de Guardas do Exército, local de torturas e toda sorte de violações aos Direitos Humanos dos presos políticos na década de 1970.
 
Já deixaram até uma vela no quintal da casa onde Sezostrys Alves da Costa, principal dirigente da Associação dos Torturados na Guerrilha do Araguaia, estava hospedado em setembro de 2011, em São Domingos do Araguaia. Quem conhece a cultura da violência sabe o que isso representa no Sul do Pará.
 
Paulo Fonteles Filho acusa que nada tem sido feito para coibir tanta violência, da qual já foram vítimas seu pai, o ex-deputado e advogado Paulo Fonteles, o deputado constituinte João Batista, ‘Gringo’, João Canuto e Expedito Ribeiro de Souza. E anuncia que se algo lhe ocorrer – ou à sua família e companheiros – a responsabilidade deve imputada “aos antigos agentes da repressão política, cortadores de cabeças no Araguaia, Magno José Borges e Armando Souza Dias, dirigentes obscuros da ABIN no Pará”.
 
No mínimo, tão graves denúncias devem merecer pronta resposta do governo do Estado e do governo federal. Não se pode tolerar mais mortes anunciadas, o Pará já tem uma extensa lista.
Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, membro da Academia Paraense de Jornalismo, da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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