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Pela primeira vez desde que começaram os protestos contra o lixão de Marituba, hoje foi ventilada a hipótese de desativação da central de processamento e tratamento de resíduos no município. Em reunião entre os manifestantes que estavam há três dias bloqueando o acesso à área, o governo do Estado admitiu que poderá rever o projeto e cancelar a licença de operação. Uma comissão foi instalada e nova reunião já está agendada para a quarta-feira da semana que vem. O secretário de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade, Luiz Fernandes, acalmou os cidadãos revoltados, ao lado do deputado Raimundo Santos, que representou a Assembleia Legislativa por designação do presidente da Casa, deputado Márcio Miranda. 

Com o lixo acumulado há dias e  uma situação calamitosa em todos os bairros, o prefeito de Belém, Zenaldo Coutinho, chegou a fazer apelo através de vídeo nas redes sociais, pelo fim imediato do bloqueio à entrada do aterro sanitário de Marituba, alertando que se trata de questão de saúde pública. 

Os municípios de toda a região metropolitana, o governo do Estado, a Alepa e o Ministério Público cobram da empresa Revita-Guamá medidas de proteção ambiental. A comunidade que vive no entorno quer a desativação do aterro sanitário, por conta dos inúmeros problemas decorrentes do lixão no local. O odor fétido e problemas respiratórios figuram entre as principais queixas. 

A empresa Guamá Tratamento de Resíduos, que opera o aterro de Marituba, tentou justificar alegando que opera com lonas especiais de cobertura do solo, que pôs mais funcionários nas frentes de trabalho durante o período de chuvas, e que já identificou duas tecnologias para redução do mau cheiro: uma que funciona por meio de lavagem de altíssima pressão e outra que quimicamente neutraliza as substâncias odoríficas.
Prometeu que o contato com os moradores locais será intensificado para recebimento de dúvidas, reclamações e prestação de esclarecimentos, com o compromisso de oferecer soluções para assegurar o conforto de todos e a destinação ambientalmente adequada para os resíduos gerados na região. Mas a comunidade não aceita mais os argumentos e exige a desativação.

A manifestação começou anteontem (1º), com a interdição de parte da Alça Viária. Ontem, representantes da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Marituba, Promotoria Pública de Marituba e um grupo de vereadores discutiram o assunto, mas não houve acordo. Os moradores acusam a Guamá Tratamento de Resíduos de não cumprir as exigências ambientais. No ano passado, atendendo petição pública com mais de trinta mil assinaturas, o deputado Raimundo Santos realizou várias reuniões, inclusive audiência pública na Alepa, da qual participou o secretário adjunto de Gestão e Regularidade Ambiental, Thales Belo, além de representantes da Revita-Guamá, quilombolas, lideranças comunitárias como o escritor André da Costa Nunes, e centenas de moradores do entorno. A revolta é grande.
Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, membro da Academia Paraense de Jornalismo, da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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