Publicado em: 6 de outubro de 2025
Estive em Macapá, onde não ia há anos, participar das Folias Literárias, que reuniram muitos amigos em palestras e debates, promovidas pelo Estado, através da Secretária Clícia Micelli. Um encontro saboroso discutiu a Literatura e a Música, reunindo Zé Miguel, Joãozinho Gomes, Marcos Quinan e Tiago Tiago de Mello. Veio então a discussão a respeito da existência de uma diferença entre a letra da música e a poesia. Interessante. Um disse que a letra de música é o poema aprisionado às notas musicais. Disse também que a melodia, muitas vezes, dá destaque a determinada palavra que se torna o momento mais importante. Sim, mas a letra, sem a melodia, é um poema? Sim, quase sempre. E acho que todo poema tem sua melodia pessoal, secreta, que somente ele sabe. Quando adicionamos melodia, a ação é nossa. Quando o declamador diz o poema, a voz, sabemos, se expressa em notas, também cria uma melodia própria, na declamação. As palavras atravessam as pessoas e quando são devolvidas através da voz, adquirem outros sentidos, conforme o sentimento a expressar. Curioso. Joãozinho Gomes, o grande superstar do Amapá, reconhecido e reverenciado por onde passa, como um grande líder, permanentemente em campanha, acenando para os fãs, fez uma revelação. Nas inúmeras e brilhantes letras que escreveu, nos inúmeros e belos poemas publicados em livros, ao fazê-los, foi sempre cantando algo que após escrever, nem lembra. Há sempre uma melodia que murmura em seus ouvidos enquanto a poesia vai se formando. Zé Miguel, parceiro, o incentivou a lembrar das melodias, tornar-se enfim, compositor de letra e música. Difícil, pois penso ser um mecanismo interno, íntimo, que se movimenta no ato. Mesmo assim, parece haver, ao menos, uma música a ser revelada, para a curiosidade de todos. Mas ficou para outro dia.
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