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Um comentário despretensioso sobre a situação do estádio Diogão, feito pela jornalista Tamires Porteglio, assessora de imprensa do Caeté, clube de futebol de Bragança (PA), foi o estopim para um violento ataque feito pelo cidadão bragantino Ytalo Damasceno, acadêmico de medicina. Ele usou as redes sociais para dirigir a ela insultos de cunho sexual, irrepetíveis e impublicáveis.

O caso teve ampla repercussão e a jornalista está recebendo a solidariedade de todos, inclusive merecendo nota oficial da FPF. “A Federação Paraense de Futebol (FPF) manifesta total solidariedade à jornalista Tamires Porteglio, assessora de imprensa do Caeté, diante dos ataques misóginos e ofensivos que sofreu no último domingo (09). Repudiamos com veemência qualquer forma de violência contra profissionais da imprensa, especialmente contra mulheres que exercem seu trabalho com ética e compromisso no cenário esportivo. O respeito e a liberdade de expressão são essenciais para o fortalecimento do futebol e da sociedade. A FPF reafirma seu compromisso com um ambiente esportivo e digital mais justo e seguro, onde o debate ocorra sem ataques pessoais ou discursos de ódio. Estamos ao lado de Tamires Porteglio e de todas as mulheres que enfrentam esse tipo de hostilidade, reforçando a importância da imprensa esportiva e a necessidade de combater a intolerância e a misoginia. Violência contra a mulher é crime! Não se cale! Denuncie pelo número 180 ou na delegacia da mulher mais próxima.”

Tamires também manifestou publicamente seu repúdio às palavras que feriram a sua dignidade, frisando que exerce a profissão com ética e compromisso e não admitirá qualquer forma de agressão que tente desqualificar sua atuação profissional e índole pessoal. “Infelizmente, comentários como esse refletem um problema maior: a intolerância e a falta de respeito contra mulheres que ocupam espaços de voz e opinião. Não me calarei diante desse tipo de comportamento. Seguirei firme no meu propósito de informar com responsabilidade, de dialogar em espaços públicos e me manifestar contra situações que merecem minha indignação, sem medo ou intimidação. Agradeço as manifestações de apoio e reforço a importância de um ambiente digital mais respeitoso e saudável para todos, e em relação aos ataques que sofri as medidas cabíveis já foram tomadas”, comentou.

É mais uma prova de que mulheres precisam enfrentar as desigualdades de gênero ao mesmo tempo em que sofrem violência na realização do seu trabalho. Evidente que o agressor quis atingi-la emocionalmente em sua condição de mulher, com requintes de crueldade. Escolheu palavras chulas para humilhar, constranger. A violência de gênero é presença permanente nas relações sociais. Fosse um homem assessorando o time de futebol e comentando na internet sobre as condições do gramado, ele agiria diferente. Mas internet não é território sem lei, urge combater o machismo e a violência no espaço digital. Espera-se que o Judiciário puna com rigor esse agressor de mulheres.

Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, membro da Academia Paraense de Jornalismo, da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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