Publicado em: 30 de junho de 2025
As famílias de Belém e de outros municípios, muitas de fora do Pará, que queriam aproveitar a Praça da República no domingo à tarde, foram submetidas ontem (29) a horas seguidas de tortura mental pela Guarda Municipal. Assim que o Arrastão do Arraial do Pavulagem seguiu para a Praça Waldemar Henrique a GBel estacionou quatro viaturas em cima do passeio público com sirenes ligadas ininterruptamente em altíssimos decibéis e assim permaneceu durante muitas horas. Havia crianças querendo brincar e até bebês de colo, além de autistas e idosos, casais e famílias inteiras com piquenique montado na grama, mas até as pessoas ditas “normais” ficaram transtornadas pelo ruído enlouquecedor. Crianças e bebês chorando, pessoas surtando. Um clima de terror, patrocinado pela Prefeitura de Belém, pelo despreparo de sua Guarda Municipal, que ao invés de proteger os cidadãos e zelar pelos bens públicos se dedica a expulsar e destruir os momentos de lazer dos frequentadores da praça, tratados como bandidos. Merecidamente foram vaiados. Já ao final da tarde, depois de o 2º BPM ter sido acionado desesperadamente, a PMPA foi lá e mandou desligar as sirenes.
“A praça é do povo como o céu é do condor”, proclamava o genial poeta Castro Alves, em seu poema O Povo ao Poder, evocando a essência democrática dos espaços públicos. Ainda no século 19, ele convocou o povo a ir às praças, frequentar, gritar contra injustiças, enfrentar os vendilhões do templo, insubordinar-se contra ameaças à liberdade, farsas governamentais e a violação de direitos.
Enquanto a população se organiza para ocupar a Praça da República com crianças, a Guarda Municipal de encarrega de expulsá-las. Às escuras, sem policiamento e sem manutenção, o logradouro fica cenário perfeito para a ação de assaltantes, como tem ocorrido muito.
É absurdo, escandaloso, inaceitável e criminoso estacionar viaturas no meio da Praça da República para torturar todas as pessoas a até três quadras do entorno com a sirene ininterrupta em altíssimos decibéis, que ninguém consegue suportar. Isso é desumano e não tem qualquer efeito em relação à redução da violência ou da criminalidade. Ao contrário, as pessoas são levadas a atos insanos por não aguentarem o barulho torturante.
Poluição sonora é crime. A polícia só pode usar a sirene em situações de emergência ou urgência, quando em efetivo serviço de socorro ou salvamento, como em casos de resgate ou atendimento de ocorrências. Mas todo domingo, com preguiça de policiar a praça, onde os assaltos ocorrem à mão armada o tempo todo, simplesmente estacionam a viatura em cima das pedras portuguesas e ligam sirenes durante horas.
A Guarda Municipal justifica – vejam só – que estava realizando a “dispersão” de pessoas na Praça da República. Pois que cumpra seu dever, que é fazer rondas todo dia o dia inteiro em toda a área, para garantir a ordem pública e segurança. Em uma praça guardas e policiais devem andar a pé e falar com as pessoas. Além do crime de poluição sonora e contra o sossego público, danos colaterais são cometidos porque destroem o calçamento em pedras de lioz, em um local que é sítio histórico e declarado em leis federal, estadual e municipal patrimônio histórico e cultural do Brasil, do Pará e de Belém, e que precisa ser protegido.
Confiram as fotos e vídeos.








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