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A 24ª rodada da Série B do Brasileirão foi amarga para a dupla Re-Pa. Na quinta-feira (28), o Remo perdeu em Belém para o Criciúma, por 1 a 0, em lance polêmico já nos minutos finais. Dois dias depois, no sábado (30), o Paysandu voltou a decepcionar: derrota por 2 a 0 diante do CRB, em Maceió, mantendo-se na lanterna isolada da competição. Enquanto o Leão ainda se sustenta na luta pelo G-4, o Papão vê a queda para a Série C cada vez mais próxima.

No Mangueirão, o Remo fez jogo equilibrado contra o Criciúma, mas não conseguiu transformar posse de bola em chances claras. A equipe azulina dominou o primeiro tempo – faltando competência e qualidade. Quando tudo parecia caminhar para um empate sem gols, o árbitro marcou um pênalti que gerou o gol catarinense em jogada contestada pelos azulinos. A revolta tomou conta da torcida, que saiu do estádio com a sensação de ter sido novamente prejudicada pela arbitragem – além dos protestos em relação à comissão técnica e jogadores.

A derrota, aliás, trouxe, novamente, à tona a já delicada situação do técnico António Oliveira. A sequência irregular da equipe pressiona o treinador, que mesmo ainda com o Remo muito vivo na disputa por uma vaga no G-4, vê sua permanência cada vez mais questionada. Dentro e fora de campo, o ambiente azulino é de cobrança e incerteza.

Na tabela, o Remo estacionou e agora está a quatro pontos do quarto colocado – o Criciúma, que está com 39 pontos. É um cenário incômodo, porque cada tropeço pesa ainda mais na corrida pelo acesso. Para continuar sonhando, o time precisará corrigir falhas ofensivas e transformar equilíbrio em vitórias. Caso contrário, o sonho de subir ficará pelo caminho.

Se a situação do Remo preocupa, a do Paysandu é de puro desespero. Lanterna da Série B com apenas 21 pontos em 24 rodadas, o Papão amarga quatro derrotas consecutivas e já não consegue esconder o desânimo de jogadores, comissão técnica e torcida. O desempenho em campo mostra uma equipe sem opções táticas e com muitas limitações técnicas.

O problema, no entanto, não se resume ao gramado. O mau planejamento da diretoria para esta temporada vem cobrando seu preço. Contratações equivocadas, mudanças no comando técnico e a ausência de um projeto consistente mergulharam o Paysandu em uma crise que pode custar muito caro. O elenco é limitado, a confiança é baixa, e o fantasma do rebaixamento à Série C deixa de ser ameaça para se tornar quase realidade.

A derrota para o CRB expôs novamente essas fragilidades. O time pouco produziu ofensivamente e ainda sofreu com falhas defensivas, entregando o jogo sem oferecer real resistência. A arbitragem também foi alvo de críticas, com a não marcação de um pênalti em Leandro Vilela, mas já não há como esconder que a raiz do fracasso bicolor é interna. A paciência da torcida acabou e o clima no clube é de absoluta tensão.

Na próxima rodada, Remo e Paysandu terão confrontos decisivos contra times da parte de baixo da tabela. Para a equipe, a chance de reagir e encurtar a distância para o G-4, no duelo com o Amazonas, em Manaus, na sexta (5). Para o Papão, talvez a última oportunidade de manter viva alguma esperança de sobrevivência. O jogo será contra o Volta Redonda-RJ, em Belém, também na sexta-feira.

Mas uma coisa é certa: sem mudanças de postura e competência dentro das quatro linhas, nem a polêmica da arbitragem nem as desculpas das diretorias serão suficientes para alterar a realidade que os dois gigantes paraenses enfrentam.

Foto: Henrique Herreira (Remo-Criciúma)

Rodolfo Marques
Rodolfo Marques é professor universitário, jornalista e cientista político. Desde 2015, atua também como comentarista esportivo. É grande apreciador de futebol, tênis, vôlei, basquete e F-1.

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