Publicado em: 27 de maio de 2013
O Judiciário baiano vive seus dias de Sucupira. O CNJ descobriu que Sandra
Lago Coelho Izzo, filha da desembargadora Daisy Lago Coelho, recebe R$9 mil
para trabalhar no gabinete do desembargador Clésio Rômulo Carrilho Rosa. Só que
ela mora em São Paulo, o que torna, digamos, impossível que dê expediente no TJE-BA.
Nenhum dos funcionários do desembargador conhece Sandra. Já Rosali Carrilho Rosa,
que é, coincidentemente, irmã do
desembargador Clésio, trabalha no gabinete de Daisy, com salário de R$ 15 mil. A
conclusão da sindicância pelo aberta pelo presidente do TJ-BA, desembargador Mário
Alberto Hirs, para apurar o caso de jornadas tão sui generis, foi publicada no DOE nº 962, de 23.05.2013, encaminhando os autos à Corregedoria Geral da Justiça para apuração dos
fatos, mediante processo administrativo disciplinar.
Lago Coelho Izzo, filha da desembargadora Daisy Lago Coelho, recebe R$9 mil
para trabalhar no gabinete do desembargador Clésio Rômulo Carrilho Rosa. Só que
ela mora em São Paulo, o que torna, digamos, impossível que dê expediente no TJE-BA.
Nenhum dos funcionários do desembargador conhece Sandra. Já Rosali Carrilho Rosa,
que é, coincidentemente, irmã do
desembargador Clésio, trabalha no gabinete de Daisy, com salário de R$ 15 mil. A
conclusão da sindicância pelo aberta pelo presidente do TJ-BA, desembargador Mário
Alberto Hirs, para apurar o caso de jornadas tão sui generis, foi publicada no DOE nº 962, de 23.05.2013, encaminhando os autos à Corregedoria Geral da Justiça para apuração dos
fatos, mediante processo administrativo disciplinar.
Na sexta-feira passada, a ministra do STJ, Eliana
Calmon, em entrevista à rádio CBN Salvador, disse que o TJ-BA é um dos mais
problemáticos do País. Em abril, o CNJ visitou o Tribunal e apontou uma série
de irregularidades, principalmente com relação a licitações, controle de pessoal
e pagamento de precatórios.
Calmon, em entrevista à rádio CBN Salvador, disse que o TJ-BA é um dos mais
problemáticos do País. Em abril, o CNJ visitou o Tribunal e apontou uma série
de irregularidades, principalmente com relação a licitações, controle de pessoal
e pagamento de precatórios.
Nos últimos anos, o TJE-BA foi pródigo em vexames. Em 2007, o CNJ teve
que proibir festas regadas a bebidas alcoólicas nos gabinetes dos
desembargadores. Em 2008, proibiu a compra de tapetes persas. E em 2009 afastou
de suas funções o desembargador Rubem Dário Peregrino Cunha, suspeito de ter
suas sentenças negociadas pelo filho. Meses antes, durante a Operação Janus, o MPE-BA desvendara outro
esquema de negociatas de decisões judiciais. Sem falar que lá a Justiça anda
literalmente a passos de cágado.
que proibir festas regadas a bebidas alcoólicas nos gabinetes dos
desembargadores. Em 2008, proibiu a compra de tapetes persas. E em 2009 afastou
de suas funções o desembargador Rubem Dário Peregrino Cunha, suspeito de ter
suas sentenças negociadas pelo filho. Meses antes, durante a Operação Janus, o MPE-BA desvendara outro
esquema de negociatas de decisões judiciais. Sem falar que lá a Justiça anda
literalmente a passos de cágado.
Na eleição dos dirigentes do TJ-BA, em dezembro de 2009, a então
presidente Sílvia Zarif jogou todo o peso da administração em favor da colega
Lícia Laranjeira, a fim de barrar as pretensões de Telma Britto, à época
corregedora-geral. Mas Telma foi eleita presidente com o apoio do desembargador
Carlos Alberto Dultra Cintra, amigo do governador Jaques Wagner (PT) e o mais
influente da corte baiana desde que liderou, em 2002, uma revolta contra o
controle exercido pelo ex-senador Antonio Carlos Magalhães (1927-2007) sobre o
TJ-BA.
presidente Sílvia Zarif jogou todo o peso da administração em favor da colega
Lícia Laranjeira, a fim de barrar as pretensões de Telma Britto, à época
corregedora-geral. Mas Telma foi eleita presidente com o apoio do desembargador
Carlos Alberto Dultra Cintra, amigo do governador Jaques Wagner (PT) e o mais
influente da corte baiana desde que liderou, em 2002, uma revolta contra o
controle exercido pelo ex-senador Antonio Carlos Magalhães (1927-2007) sobre o
TJ-BA.
Mas aí o caldo entornou e as magistradas,
que já eram adversárias, passaram a inimigas figadais. Um dia, elas rodaram a baiana em plena sessão. O bate-boca
(Clique aqui para ouvir) protagonizado pelas duas integrantes da corte mais
antiga das Américas revela muito da crise.
que já eram adversárias, passaram a inimigas figadais. Um dia, elas rodaram a baiana em plena sessão. O bate-boca
(Clique aqui para ouvir) protagonizado pelas duas integrantes da corte mais
antiga das Américas revela muito da crise.
Sugestivamente, a desembargadora Sílvia disse:
“_Desembargadora Telma, V. Exa. tem toda a liberdade
de trazer aqui aos membros do tribunal e à sociedade baiana os desmandos que V.
Exa. encontrou na minha administração… (ameaçou tirar pastas das gavetas) “_
Eu também tenho pastas e pastas e pastas sobre desmandos também encontrados nas
administrações do Tribunal de Justiça. Agora, por questões éticas eu não vou
apontar desembargadores, porque eu tomei providências que me eram pertinentes
na época como presidente do Tribunal de Justiça para corrigir eventuais
irregularidades” (…)
“_Desembargadora Telma, V. Exa. tem toda a liberdade
de trazer aqui aos membros do tribunal e à sociedade baiana os desmandos que V.
Exa. encontrou na minha administração… (ameaçou tirar pastas das gavetas) “_
Eu também tenho pastas e pastas e pastas sobre desmandos também encontrados nas
administrações do Tribunal de Justiça. Agora, por questões éticas eu não vou
apontar desembargadores, porque eu tomei providências que me eram pertinentes
na época como presidente do Tribunal de Justiça para corrigir eventuais
irregularidades” (…)
Não houve resposta. Procuradas pela imprensa para comentar a altercação,
as duas se recusaram a falar e, via assessoria de imprensa, afirmaram, vejam
só, que “a discussão não era de interesse
público”. Simples assim.
as duas se recusaram a falar e, via assessoria de imprensa, afirmaram, vejam
só, que “a discussão não era de interesse
público”. Simples assim.
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