Publicado em: 11 de setembro de 2025
Excelentíssimo senhor vice-presidente da Academia Paraense de Letras, acadêmico LEONAM GONDIM DA CRUZ JÚNIOR e presidente desta sessão, no nome de quem cumprimento a mesa e demais autoridades constituídas. Saúdo também o acadêmico GEORGENOR DE SOUSA FRANCO FILHO, no nome de quem cumprimento os demais acadêmicos presentes, GEORGENOR FRANCO FILHO é o nosso “decano de coração”, na ausência do poeta JOSÉ ILDONE FAVACHO SOEIRO, o decano oficial da Academia Paraense de Letras.
Senhoras & Senhores
Minhas primeiras palavras são de agradecimento, primeiramente a Deus que nos retifica e apruma a sua criatura à imagem do criador à perfeição de sua obra; aos meus pais Bernardino e Beatriz, ele hoje com 92 anos de idade e ela com 88, que muito lutaram pela criação, instrução e formação de oitos filhos, dentre eles, este que voz fala na quinta ordem de surgimento ao mundo;
à minha irmã mais velha, Bernardete Cruz Costa que dela lembro me ensinando a procurar uma palavra no dicionário; ao meu irmão mais velho que dele lembro em um torneio de corrida de minhocas sobre uma velha bandeja de geladeira, ele dizia que a vencedora era a que a gente mais cutucava com um fiapo de piaçaba; ao meu irmão comandante da marinha, Benício, o seu amor pela lusa cultura, inclusive a futebolística, sendo o único torcedor da Tuna Luso Brasileira em casa; à minha irmã Belizete Lobato Cruz que me ensinava a cantar usando um premiado copo de vidro estilizado da marca Nadir Figueiredo, que meu pai comerciante vendia em sua loja chamada “A Conceição” (Meu pai que sempre diz que é Nossa Senhora da Conceição a dona de Abaetetuba); à minha irmã Dr. Belinete Lobato Cruz que quando criança era a única que não queria mais sair do banho no rio de Abaetetuba e só saía a peso de ameaça de pisa da minha mãe, Dona Beatriz; ao meu meu irmão caçula Bernardino que não tinha medo de ir comigo visitar o morcego que morava no abacateiro do nosso imenso quintal da rua 15 de agosto, em Abaetetuba, aliás a mais paraense das cidades do Pará porque também faz aniversário em 15 de agosto, data da Adesão do nosso estado à Independência do Brasil; à minha irmã caçula Beatriz que também segue o caminho das Letras e é professora na nobre e difícl arte de ensinar Literatura;
à minha noiva Rosangela Aguiar, pessoa que sempre viu meu potencial e objetividade no trato com a arte de viver, desde à época do Curso de Letras & e Artes (e eu sempre dizendo que fazia mais artes do que letras) em especial um momento quando ela me falou que “Tudo que você quer você consegue” – me dirigindo como admiração em um corredor da UFPA, nos idos do anos de 1988, frase que nunca me saiu da cabeça e tem me inspirado sempre, como mote para a minha vida. Rosângela nasceu para se destacar como pessoa de liderança, de direção e a de descobrir o melhor em cada ser – tem um amor infinito e preza a promover o melhor que há em uma pessoa, em cada empresa, cada instituto – qualquer cliente que seja;
agradeço também ao Raphael Aguiar que com sua inteligiência, espiritualidade, resiliência e determinação me inspira também todos os dias a superar um caminho movido de muitos desafios e aprendizados, algo que não esqueço é do seu convívio feliz com o seu belo gatinho Sultão, uma exímia pantera negra, protetor do nosso lar;
ao presidente da Academia Paraense de Letras, Ivanildo Ferreira Alves, que, ausente devido se recuperar de uma cirurgia, recebe meu afeto como o irmão ausente que precisa nessas horas de nossa egrégora e é devidamente lembrado;
aos meus filhos ausentes, Brenner e Rainer, em Hortolândia, São Paulo, que não puderam vir, assim como a todos os convidados que por motivo de trabalho, saúde ou de qualquer outra ordem não puderam chegar a tempo – recebam a nossa melhor vibração dessa bela egrégora hoje aqui constituída;
aos meus irmãos que são muitos e aqui reunidos, quero dizer que já nasci em uma família numerosa e pretendo que ela continue assim, imensa, uma família que se estende do sangue para a fraternidade que para mim é uma forma de sabedoria, a vocês meus irmãos e irmãs, confrades e confreiras, todos vocês têm hoje o nome de cada um gravado em meu coração;
agradeço ao meu irmão e amigo de profícuas eras de fraternidade, Leonam Gondim da Cruz Júnior, a quem um dia gostaria de ser como um de seus personagens de seus livros, quero ser como os seus sábios animais-falantes em seus contos – da literatura mais difícil – aquela tem seus leitores mais exigentes – o público infantojuvenil; Leonam é o único aqui que tem esse poder de se duplicar quando lembro do pai dele, conversando comigo sobre Literatura – e não é a toa que hoje o meu querido irmão Leonam se duplicou na tarefa de conduzir essa bela sessão de posse e de ser também o orador a me receber nesta casa;
ao Agildo Cavalvante Monteiro, meu amigo e irmão de longas lutas pelo reconhecimento dos autores paraenses, desde a época da criação da Associação Paraense dos Escritores, a A.P.E, em 1987, Agildo Monteiro Cavalcante é autor de muitos livros, muitos deles tem a marca de nossas conversas sobre Machado de Assis, Dom Quixote, Magalhães Barata, Laurence Sterne, Carlos Fuentes, – meu amigo Agildo de nossas conversas sobre a mágica ilha de Colares, tem o livro de ficção mais importante sobre a Cabanagem, o romance “Brigue Palhaço”;
agradecimentos ao querido Flávio Quinderé a sua humildade e reconhecimento de que os os escritores são também contadores de histórias, são decifradores de mistérios, e não apenas lançadores de livros – sim o Quinderé é daquelas pessoas que vivem a Amazônia, lugar de gente destemida como ele e sua esposa Carmen, poema, em latim;
agradeço a acolhida desta Casa, aliás do Casarão do Barão de Guajará, aquando da minha eleição no dia 04 de julho de 2025, momento ímpar na história de uma escritor e poeta paraense, e nesta hora é momento de agradecer aos acadêmicos da Comissão Eleitoral: Franssinete Florenzano, Benedito Wilson de Sá e Claudio Guilhom;
aos acadêmicos deste Silogeu que me elegeram para a cadeira 35 da Academia Paraense de Letras, meu muito obrigado, – a cadeira 35 tem como PATRONO Carlos Hipólito de Santa Helena Magno. Ela foi posteriormente ocupada por Cursino Loureiro da Silva, Daniel Queima Coelho de Souza, e para mim, ainda está ocupada pelo amigo e imortal JOSÉ WILSON MALHEIROS DA FONSECA, e ao lembrar do Malheiros, agradeço a Eula Gorayeb a calorosa acolhida por tudo que me você, Eula, mais ainda me fez me aproximar de seu pai, nunca me faltou uma solicitação minha: você que sempre me retornava com mais informações sobre o seu pai com um orgulho admirável;
– sinto a sua alegria ao falar dele – mesmo quando bate a saudade, este homem a quem eu dizia ser o meu “irmão caçula” e ele prontamente aceitando a brincadeira me chamava de “irmão mais velho”, são tantas histórias vividas com o seu pai, em um curto período de amizade, que um livro não seria o suficiente para contar;
agradeço a Damia Gorayeb que foi testemunha ocular da amizade nascida aqui mesmo naquela noite de 24 de outubro de 2023, aquando da posse de José Wilson Malheiros da Fonseca como novo irmortal da jovem e aguerrida Academia Maçônica de Letras do Estado do Pará. Naquela noite entedia eu que me reencontrava com um um amigo ou de um irmão ou parente que realizou uma longa viagem e de repente retornava, só assim para explica o porquê de sempre ter algum assunto para conversar com o Malheiros;
agradeço ao querido irmão-musical Alcir Meireles que interpretou hoje duas composições de minha autoria na flauta transversal e ao acadêmico-amigo Salomão Habib, meu querido cronista-mor do cancioneiro amazônico, como sempre digo, agradeço ao belo poema lido pela dileta secretária Nazaré Melo que recentemente lançou o livro “Mistérios e Fantasmas de Belém” que entre sustos e suspenses detém o topo dos mais vendidos em Belém.
Senhoras & Senhores – a gratidão move o universo – esta é a minha filosofia e nesse sentido que digo e tenho que agradecer a tanta gente que mais ainda se mostraram amigos aquando da eleição de quatro novos acadêmicos, afinal é um bom momento para uma posse como novo imortal da APL, cuja sede – este belo Casarão, conhecido como o Casarão do Barão de Guajará – aquele senhor que vos olha da sua eternidade, este casarão passa atualmente por uma bela reforma e manutenção – e aqui agradeço ao Pedrinho, ao Flavio e ao Mauro – a equipe que torna este ambiente mais aconchegante para todos vocês, equipe liderada pelo presidente Ivanildo Ferreira Alves a quem agradeço e novamente;
ao presidente da Academia Maçônica de Letras do Estado do Pará, Dr. Ricardo Albuquerque, à diretoria executiva e aos membros efetivos da AMALEP pelo patrocínio do fardão, a que pelo jeito caiu muito bem a veste talar muito bem talhado pelo Paulo Alfaiate a quem também agradeço e indico;
agradeço a forte presença dos meus irmãos da Escola de Fraternidade e que tem como hino inaugural os seguintes versos: “Salve Deus Imortal/ Deste mundo Criador/ Nossas preces ouve Tu/ Arquiteto sabedor”… afinal diante de Deus, nesta Sexta-Feira, agradeço a presença física e espiritual de meus irmãos neste festivo Shabat: Moysés Hamoy, Frank Serruya, Erwin Von Rommel e seus familiares aqui presentes;
agradeço a presença dos representantes da UFRA, Dr. João Almiro Soares à mesa das autoridades; os professores Dr. Aurecílio Guedes, Dr. Jany Éric e a professora Dra. Ana Guimbal, meus cordenadores de curso aqui também presentes;
faço novamente um agradecimento especial ao presidente Ivanildo Ferreira Alves, Franssiente Florenzano assim como ao Leonam Gondim da Cruz Júnior, três acadêmicos desta casa empenhados nesta obra de restauro e preservação deste Casarão Centenário que abriga a terceira Academia de Letras mais antiga do Brasil, atrás apenas da Academia Cearense de Letras e da própria Academia Brasileira de Letras;
– e aqui faço lembrar o poeta Edvandro Pessoato que nascido no Ceará já é paraense desde quando e definitivamente se integrou ao coletivo “Malta de Poetas” (aqui representados pelos poetas Antonio Juraci Siqueira e Roseli Sousa) – A Malta paraense por sua sua vez se juntava a outro coletivo, o carioca “Folhas e Ervas” e assim multiplicava amazonicamente – e hoje quero agradecer a feliz coincidência da minha posse ser no dia 05 de setembro – DIA DA AMAZÔNIA – pois é ela que acolhe as pessoas vindas de tão diversos lugares…e como diz um poema meu.. “poeta é aquele que está entre palavras/ o homem é o animal mais fraco, mas por inventar a palavra tornou-se o mais forte/ e como é uma criatura que sonha/ é a única que que pode mudar a sua própria realidade/ Companheiro, irmão de utopia/ aproxima-te a recitar/ traz a tua a tua canção antiga que a jornada está apenas começando, com a vontade de mudar/ e os pés no chão/ estamos reunidos de tão diversos lugares/raramente nos encontramos/ dificilmente nos vemos em nossas terras tão tristes/ nas pobres terras do norte/ põe a tua mão na minha/ teus dedos entre os meus dedos e entoemos belos cantos/ recitemos os melhores…”.
Senhoras & Senhores, é com este poema de minha autoria com trechos do Kalevalá, um poema épico filandês que exalta a famíla e com um trecho famoso de Gonçalves Dias (recitado fora do microfone) que exalto eu a imortalidade, afinal ela reside na amizade, na fraternidade, na família, nos amigos, nas canções, nos feitos, nas letras e no espírito das letras;
eu digo que não vou ocupar a cadeira 35 – vou dividir a cadeira 35 com mais quatro ocupantes, afinal foram ao longo 125 anos de Academia Paraense de Letras que esta cadeira manteve-se oupada – 125 anos completados no último dia 03 de maio de 2025, com uma sessão inesquecível.
Senhoras & Senhores, eis a imortalidade que é uma cultura espiritual que agrega os valores imperecíveis, como a gratidão, a memória, o reconhecimento, a família, os amigos, os irmãos, os professores, e os antecessores e assim evoco a memória de quem ocupou a cadeira 35 pela primeira vez, o PATRONO, Carlos Hipólito de Santa Helena Magno um poeta, advogado e professor paraense, nascido em Muaná, Ilha de Marajó, no Pará, em 3 de agosto de 1847, e falecido em 20 de outubro de 1882 (outra versão ainda carente de pesquisa diz que ele migrou para o Ceará onde viria a falecer em 1922, e ali ficara conhecido, inclusive por um belo poema escrito para registrar o drama da seca).
Suas obras poéticas, incluem “Harpejos poéticos” (1869) e “Ondas sonoras: versos”, publicado postumamente em 1974 pelo Conselho Estadual de Cultura do Estado do Pará. Suas obras estão disponíveis em diversas fontes, incluindo a Biblioteca Digital de Literatura da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e o site da Academia das Línguas e Literaturas Amazônicas. O poema “Dezenove de Outubro” é um exemplo de sua obra, onde ele reflete sobre a história e a liberdade.
O segundo a ocupar a cadeira 35 foi o imortal Curcino Loureiro da Silva, um desembargador que atuou no Tribunal Regional Eleitoral do Pará (TRE-PA), sendo vice-presidente do TRE-PA em diferentes períodos e teve um papel importante na instalação e funcionamento da Justiça Eleitoral no estado do Pará, especialmente durante a sua reinstalação em 1945.
O terceiro a ocupar, digo, dividir a cadeira 35 foi reitor da UFPA, Daniel Queima Coelho de Souza, um renomado jurista, advogado e professor. Ele nasceu em Belém em 29 de novembro de 1916 e faleceu em 9 de junho de 1998. Além de sua contribuição literária, Daniel Coelho de Souza se destacou como professor catedrático de Introdução ao Estudo do Direito na Universidade Federal do Pará (UFPA) e como reitor da mesma instituição entre 1981 e 1985. Foi professor catedrático da Faculdade de Direito da UFPA e professor adjunto de Filosofia da mesma universidade, publicou várias obras, incluindo “Interpretação e democracia”, “Novos ideais”, “Problemas de Direito Moderno” e “Aspectos do problema de defesa das constituições e pareceres”.
Por fim, José Wilson Malheiros da Fonseca que começo pelo poema dele que está à entrada da Academia, versos talhados em uma lousa de mármore: “Bem-vindo”: “Neste formoso recanto/ornado com lindas flores, /Me emociono, me encanto/Com seus perfumes e cores//Água da fonte, Palmeiras, bugainvilles e ipês/Sereias hospitaleiras/ Já nos respondem porque// Com floradas e alegria/ Nossa Amada Academia/Abre as portas e diz mais://Aqui tem amor constante/ És bem-vindo visitante/Ao Jardim dos Imortais”.
Falar de José Wilson Malheiros da Fonseca é falar de amor, amor a Deus, amor filial, amor à esposa, amor aos filhos, amor de pai, amor aos sobrinhos (e aqui agradeço a presença de Bruno Malheiros a quem faço representar todos os sobrinhos de José Wilson Malheiros) amor de amigo, amor à fraternidade, amor à literatura, amor aos livros, aos estudos, amor à música, amor à academia e como ele a queria assim cheia, repleta de visitantes e de literatatos, repleta de gente para ouvir falar de arte.
E antes de concluir meu Discurso da Imortalidade quero falar de outro amor, o amor à docência – outra coisa que também me unia ao jurista, compositor, maestro, poeta, jornalista José Wilson Malheiros: os senhores e as senhoras aqui presentes estudaram com livros impressos, hoje nossos filhos estudam com livros digitais – essa revolução chamada de Educação 5.0 precisa ser muito bem orientada e é por isso que o Multiletramento já é uma relidade e nisso também a Academia se insere com a Mei Habib, a quem aqui agradeço também, ela que publica nossos textos na internet comanda a rede social e o site da APL: eu estou falando com internautas que agora podem estar nos assistindo, nesse infinito desdobramento de compartilhamentos de vídeo, postagens e fotos desse evento de hoje e de outros mais que a Academia pode se beneficiar como a minha filha Lygia que pode acessar o site da APL e saber a programação dos eventos desta casa.
E por falar em inovação e inclusão: aqui agradeço a presença dos intérpretes em Língua Brasileira de sinais: Lucas Pantoja e Tatiana Mota.
E é com esse amor amor à inovação é à inclusão que quero dividir a cadeira 35 da Academia Paraense de Letras com esses quatro imortais que me antecederam em 125 anos de existência e zelar pela imortalidade de cada um.
Meu muito obrigado! Viva a literatura paraense, viva os autores amazônicos, viva a cultura acadêmica! Viva a memória de JOSÉ WILSON MALHEIROS DA FONSECA.
BEN PARA AS LETRAS
(Poema de Nazaré Melo dedicado a Benilton Cruz, no dia de sua posse em 05 de setembro de 2025)
Ao apanhar a caneta amiga
O entusiasmo surge sem retoques
Para escrever na ponta da vida
Pensamentos surgem em leves toques
Olha para frente e não volta
Seguro de seus passos
A mão aperta e não solta
Reúne sonhos e muitos desejos de leituras
De novos autores e do passado com grande louvor
Ao legado
O tempo veio pela literatura
Que sucede o maestro da candura
Os obstáculos vencidos a cada etapa
Os esforços somam numa conta exata
De quem foi para longe e voltou
Nas nuvens claras ou cinzas estudou
Para seus livros escrever
O som do futuro mostrou
Que eu caminho era vencer
Os louros da glória
Vieram te buscar
E com sua família e amigos propalar
Que
O Bem escolheu a história
Por alcançar a docência com lutas
Esta vitória
Que a brisa leve te diga
Seja bem-vindo deste novo caminho traçado pelo
Teu destino
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