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Carmina Burana, de Carl Orff, escrita como cantata cênica, teve sua primeira montagem em 1937, na Ópera de Frankfurt, sob a regência de Bertil Wetzelsberger, e se tornou célebre na versão de concerto. Agora, vai ser executada na forma teatral durante o X Festival de Ópera do Theatro da Paz, numa ousada produção que dá vida a textos compostos por trovadores, monges lúbricos desgarrados, bêbados e vagabundos de toda espécie que cantam, poética e livremente, as mutações que envolvem a natureza e a interação que esta provoca nos homens. O desafio é de Maria Sylvia Nunes – verdadeiro mito no Pará, pioneira do teatro amador na década de 50 e fundadora da escola de teatro da Universidade Federal nos anos 60 que empresta seu nome ao teatro da Estação das Docas – e que dirigiu, em Recife, a primeira montagem teatral de “Morte e Vida Severina”, do poeta pernambucano João Cabral de Melo Neto, com músicas compostas pelo grande maestro parauara Waldemar Henrique, cujas partituras desapareceram e jamais foram encontradas.
Carl Orff teve acesso a uma antologia de cantos e poemas medievais, escritos em latim vulgar e em alemão primitivo, encontrada no convento de Benedikbeuren e proveniente da Styria ou do sul do Tirol e compilados por pelo menos três copistas de documentos, provavelmente datados a partir do século XIII. Com a secularização sucessiva dos conventos, o manuscrito foi parar, em 1806, na Biblioteca Estadual da Baviera, em Munique.
O manuscrito tem 200 textos escritos na maior parte em latim, ou na mistura do latim tardio com outras línguas, como o alemão e o francês. São canções de amor, sátiras à depravação do clero, louvor ao amor carnal, aos prazeres da bebida, ao jogo e também cantos de louvor à Virgem, tudo sob a sombra da roda da fortuna, figura importante na mitologia medieval, símbolo da inconstância, da justiça, da passagem do tempo e da morte.
Os textos foram escritos por “goliardos”, monges itinerantes que abandonaram os conventos e viviam nas feiras, praças e tabernas onde cantavam, jogavam, bebiam e se entregavam aos prazeres mundanos. As canções são anônimas. Apenas é conhecido o nome com o qual assinava o poeta que escreveu a canção que inicia a “Carmina Burana”: o arquipoeta de Colônia.
No elenco de Carmina Burana que será encenada nos dias 26, 27 e 29 de novembro, às 20h, o barítono Frederico Sanguinetti, a soprano Lys Nardoto, o tenor Flávio Leite, a contralto Gabriella Florenzano (foto). Direção musical e regência do maestro Miguel Campos Neto, regência do coro do maestro Vanildo Monteiro, direção cênica de Maria Sylvia Nunes, coreografia e direção de movimento de Fábio de Mello, figurinos de Elena Toscano, cenografia de Fernando Pessoa, iluminação cênica de Lucas Gonçalves e Rubens Almeida, visagismo de Omar Júnior e supervisão artística de Gilberto Chaves.
Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, membro da Academia Paraense de Jornalismo, da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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