A lancha Transmarajó, da empresa de navegação Oliveira Nobre, que faz a linha intermunicipal Portel/Breves, no arquipélago do Marajó, colidiu com uma rabeta (pequena embarcação, como canoa, motorizada) de uma família integrada pela mãe, um bebê com 24 dias de vida, um adolescente de 14 anos e outra criança de 4 anos, no rio Parauaú, em Breves, no final da manhã de ontem (31). A rabeta foi partida com o choque, naufragou e a bebê caiu do colo da mãe na água e afundou rapidamente. O comandante da lancha não parou para prestar socorro e a bebezinha desapareceu nas águas. A menininha de 4 anos ficou muito ferida, com vários hematomas no rosto e na cabeça. Ribeirinhos que testemunharam o crime foram ajudar a mãe da criança e os outros dois filhos, e todos foram encaminhados ao Hospital Regional Público do Marajó para receber atendimento médico.
O condutor da lancha que omitiu socorro e deixou a família inteira em risco de morte alega que o adolescente era quem pilotava a lancha, como se isso o isentasse do crime. A empresa, ao invés de cumprir sua obrigação legal de resgatar a família e prestar amparo, foi logo com advogados à delegacia local tentar inverter a situação e lançar a culpa nas vítimas, tentando fugir de suas responsabilidades civis e criminais.
Esse tipo de acidente e conduta criminosa é comum no Marajó. As empresas causam mortes, mutilações, perdas e danos de pessoas muito pobres, que não conhecem seus direitos e não sabem a quem recorrer. Nem estatística existe. É preciso que o Ministério Público e o Judiciário atuem com rigor na punição desses crimes, com indenizações às vítimas, e que o Governo do Pará casse as licenças de operação.
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