Publicado em: 1 de julho de 2025
Alô, alô, manas iberianas e sumanos iberianos da ilha-utopia chamada Terra sem Males, uni-vos! Vem aí, que nem bicho Folharal, o ‘apocalypso’ das Mudanças Climáticas codinome global do canibal pai da poluição, devastação e fogaréu florestal como pano de fundo da Fome, Trabalho análogo à escravidão, Doenças da pobreza, Velhice abandonada e Morte precoce… Todavia, o mundo em busca do Araquiçaua (porto onde o Sol ata rede pra dormir) sonha com o Paraíso terrestre desde a antiga aldeia tupinambá Mayri (Cidade Velha parauara) em acordo de guerra com a União Ibérica (1580 -1640) e do outro lado das ilhas as nações Aruak resistem em Mariocai (Gurupá), velha feitoria holandesa (os primeiros panaquiris nas Guianas), “homens brancos” na Amazônia Marajoara…
Desde fins do século XVI – o século da expansão ocidental nas Índias orientais –, em terras indígenas “nheengaíbas” (Nuaruaque); falando nheengatu para o Brazil e o mundo, a criaturada grande de Dalcídio quer dizer e diz: a brava gente marajoara tirada do mato debaixo de pau de fogo e dentes de cachorro pelas “tropas de resgate” (eufemismo para caçadores de escravos), antes tarde do que nunca; vem agora denunciar a falsa paz de Mapuá (1659) e revogar no tempo e no espaço as enganosas liberdades do Diretório dos Índios (1757-1798).
Deste modo, restaurar para recuperação da memória dos territórios indígenas as aldeias históricas de Aricará (Melgaço), Arucará (Portel), Araticum (Oeiras do Pará), Aruans (Chaves), Maruanazes (Soure), Joanes (Salvaterra) e assim, por conseguinte; nos mais casos de mudança compulsória da toponímia parauara pela portuguesa.
A história não se apaga, mas se reaviva tirando dela novas lições que o tempo guardou. Portanto, com este geral propósito a repatriação da cerâmica marajoara há de estar inserida na Agenda Marajó 2030 dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS).
A brava gente marajoara grita dizendo estar ilhada e peiada de pés e mãos a um cruel IDH na beira da história a ver o peso bruto da pobreza em contraste a navios do desenvolvimento das casas aviadoras do celeiro do mundo. O que é bom vem lá de fora, só querem plantation de grãos, boiadas mil e os nossos minérios. Porém, para sustentar o grito dos excluídos, aí virá novamente a descolonial Revista Iberiana, após 26 anos de recesso. Quem sabe contar de verdade a revolução parauara de 1835, a Cabanagem? A Confederação do Equador interdita pelo império brazileiro que pulsa no federalismo da República Brasileira de 1988…
Senhoras e Senhores, por gentileza prestem atenção: lembrai-vos da “inverossímil” História do Futuro que o padre grande Antonio Vieira deixou e da antiguidade de Tapuirama, terra Tapuya; da qual pelo caminho tupinambá do Maranhão a Amazônia portuguesa foi parida entre dores antropofágicas e golpes de taquara dentre dardos envenenados de curare de defesa da ilha grande dos Nheengaíbas.
Devemos começar pelo começo: recordar através das sete artes as antigas migrações do Caribe para a Terra Firme (continente) comandadas pelo lendário Anakayuri rumo ao Arapari (constelação do Cruzeiro do Sul). Por isto se diz, aqui, que o Brasil começa no Oiapoque… E a música Porto Caribe, de Paulo André e Ruy Barata, revela o porto ancestral caribenho do país que se chama Pará.
Daí se ampara a história do desenvolvimento da Amazônia com o visionário geógrafo francês Henri Anatole Coudreau confirmado pelo amazônida paraíba-parauara Eidorfe Moreira, dupla fundamental que não pode ficar de fora das altas reflexões da COP 30 em Belém do grão Pará. O artigo l’Avenir de la capitale du Pará (1913) deve ser lido como o primeiro degrau para a tese geo-econômico-cultural Belém e sua Expressão Geográfica a orientar a práxis do desenvolvimento da criaturada grande de Dalcidio.
Os ditos cujos não podem ser ignorados na COP da Amazônia, sob pena desta claudicar focando exclusivamente na Floresta, esquecida do bioma integral; se tornar mais uma COP da enrolação de primeiro mundo; desta vez mundiada pelos xapiris, caruanas, curupiras, matintas e outros encantados; Deus Pai e Mãe dos mortais não permita deixar estas gentes a ver navios cegas de tanto ver o mundão de águas circundantes da multitude de ilhas grandes e pequenas, de rio e mar; povoadas há coisa de cinco mil anos nas terras baixas do arcaico continente Abya Yala, América dizendo os coloniais; dos mais diversos povos das águas do golfão onde o Marajó velho de guerra é unha e carne das Guianas. E a ilha grande do Marajó configura a cabeça da cobra grande Boiuna do rio Babel das Almazonas.
Nesta complexa e desvairada geografia pós-diluviana, a Cidade do Pará se assenta diretamente sobre a península do caudaloso rio de Guamá, lendário cacique marajoara dos Aruã e Mexiana, que nos idos de 1723 a par do guerreiro manau Ajuricada, este no Rio Negro e aquele no Guamá, ainda davam guerra a “índios mansos” (escravizados) dos portugueses procurando assim enfraquecer a economia extrativista das “drogas do sertão” (cacau, castanha, urucu, pimenta) e a pesca de “gados do rio” (peixe-boi, tartarugas, pirarucu) a base bioeconômica da colônia estabelecida na boca de sertão do antigo caminho do Maranhão.
Um grande estudioso do espaço amazônico foi o geógrafo francês Henri Anatole Coudreau (Sonnac, 1859 – Trombetas, 1899), professor no Colégio de Caiena, Guiana francesa e contratado pelo governador Lauro Sodré, do Estado do Pará, em 1895, que passou a fazer explorações pelos rios da Amazônia paraense.
No visionário “L’avenir de la Capitale du Pará”, publicado em 1913, o explorateur francês, infelizmente adoecido e falecido em Cachoeira Porteira, alto rio Trombetas, em 1899, pretendia orientar o governo do Estado do Pará para o pioneiro desenvolvimento da Amazônia. Sugeria, por exemplo, construção de extensa ferrovia com capitais europeus, a partir de Belém até Valparaíso, no Chile; atravessando o vale do rio Tocantins; que Coudreau queria povoar de um milhão de imigrantes italianos: sem dúvida, uma ideia precursora da Transamazônica colonizada nos anos 70 por descendentes italianos e alemães atraídos do Sul e Sudeste pelo sonho da terra própria.
A ferrovia transcontinental idealizada por Coudreau nos fins do século XIX, entretanto começa agora a rasgar a vastidão do Centro-Oeste brasileiro a partir do porto de Chancay, construído pela China no Peru junto do oceano Pacífico em direção ao Atlântico. Mas, a Ferrogrãos passando pelo Mato Grosso em direção ao Pará é vista ainda como uma pedra no meio do caminho… Será possível vislumbrar o caminho do meio, nem tanto ao mar e nem tanto à terra; no contraditório desenvolvimento da Amazônia?
Eidorfe Moreira (1912-1989), com seu olhar ecologista apurado contemplava as vias aquáticas de preferência, nem estradas de ferro nem grandes rodovias. Ele escreveu um dos mais importantes capítulos sobre a insularidade de Belém do Pará numa das contribuições mais notáveis ao pensamento urbano da metrópole amazono-paraense. Em especial no inovador estudo Os Igapós e seu Aproveitamento (1976); demonstrou com clareza que a devastação do igapó é véspera da baixada com todas as mazelas da insalubridade local; viu na zona fisiográfica dos Estreitos de Breves o apogeu igapóreo do planeta e em virtude de seu labor fecundo foi lembrado por referências tais como a Escola Bosque Professor Eidorfe Moreira.
Então, aos viajantes do século XXI na Amazônia navegando as águas sagradas de Henri Coudreau e Eidorfe Moreira, ouso recomendar a mistura da boa filosofia das viagens, de José Saramago em Viagem a Portugal; à minha particular pajelança zen-bubuia na tentativa louca de decifrar o enigma amazônico.
O que vem primeiro, a psicanálise das ideias, ou a arqueologia da história? Ou, a psicanálise da história e a arqueologia das ideias? No mês de outubro de 1999, em Belém do Pará, foi lançada no antigo seminário de Santo Alexandre, dos Jesuítas; convertido em Museu de Arte Sacra a Revista Iberiana dirigida ao mundo lusófono e ibero-americano. Um atrevido manifesto descolonial expresso no ensaio Novíssima Viagem Filosófica convidando o Prêmio Nobel José Saramago a vir com este humilde pensador caboco re-ver o peso da Viagem Philosophica, do sábio de Coimbra Alexandre Rodrigues Ferreira (Salvador da Bahia, 27 de abril de 1756 – Lisboa, 23 de abril de 1815)
Sem a arrancada antropofágica do “bom selvagem” tupinambá através do caminho do Maranhão, inclusive; o corsário francês Charles des Vaux não seria guia e tradutor do capitão-mor Francisco Caldeira de Castelo-Branco na tratativa histórica com o tuxaua da aldeia do Tenoné, Icoaraci. O sentido obscuro, todavia geopolítico da invenção da Amazônia; no reduto avançado da Yvy Marãey (“terra sem mal”) em Mayri, na Península do Guajará, berço do forte do Presépio (12/01/1616) e embrião da futura metrópole do golfão marajoara, agora sede mundial da COP 30. Caso a intelligentsia parauara venha a firmar um Pacto Amazônico para descolonização das regiões amazônicas, há de aproveitar o momento histórico contemplando a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) com novos olhos.
E a primeira coisa a fazer será revigorar a Associação das Universidades Amazônicas (UNAMAZ) observando o acordado na reunião de 10 de janeiro de 2024, da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) sobre a Associação determinando a retomada do diálogo entre os Países Amazônicos a respeito da reativação da dita UNAMAZ. E, considerando que a sede desta entidade multinacional, única no Brasil, se localiza em Brasília (DF) seria interessante a admissão da Universidade de Brasília (UnB) dada a presença da OTCA na capital brasileira conferindo caráter amazônico à cidade de JK. Além disto, convidar também a Universidade da Guiana, na Guiana francesa, a fazer parte da UNAMAZ independentemente do status desta região amazônica na República Francesa e na União Europeia.
Henri Coudreau, em l’Avenir de la capitale du Para, mostrou o caminho a seguir, mais tarde; pelo pensamento geocultural de Eidorfe Moreira (1912-1989), que deveria ser base do conceito de amazonidade no bojo do diálogo globalizante e fundamento geopolítico do golfão de mestre Aziz Ab’Saber.
A Amazônia Marajoara devora imigrações para gerar marajoaras com os quais a criaturada extravasa pelas beiras do delta-estuário do maior rio do mundo, da ponta da Tijióca pela banda sul até o cabo do Norte. Aí no espaço equatorial assume, então, perante o Brasil e o mundo o ronco rouco da Pororoca diante da vã filosofia das elites do atraso, para as quais o país que se chama Pará não passaria de periferia da Periferia. Ledo engano!
A Cabanagem não acabou, os cabanos agora ocupam bancos das escolas buscando conquistar o saber pela Educação libertadora.
A expressão iberiana de Belém do grande Pará há imenso potencial democrático cabano para amazonizar o Brasil inteiro, do Oiapoque ao Chuí – o maior país amazônico da Terra sem Males, utopia brasílica gloriosa onde não cabe fome, trabalho escravo, doença, velhice e morte –, abrindo uma saída real diante do impasse das Mudanças Climáticas. Aqui na barra do Oiapoque o Brasil começa, na ilha das Guianas do francês Eliseu Reclus, ou a “grande oval” do brasileiro Raja Gabaglia; margeando o Atlântico equinocial seguindo o cordão de mangues do Sítio Regional Ramsar do estuário do rio Amazonas pra inglês ver até hoje entre chuvas e esquecimentos no que diz respeito à criaturada grande de Dalcidio: desgraçadamente, a governadora Ana Júlia não teve êxito na campanha eleitoral para a sua reeleição, em 2010, quando faltava muito pouco para formalização oficial da candidatura da Reserva da Biosfera Marajó-Amazônia, que morreu na praia sem bilhete nem foguete, e hoje poderia brilhar a bordo da COP 30…
Questões tais como extração de petróleo na foz do rio Amazonas, derrocamento do pedral do Lourenço para navegação franca no rio Tocantins, construção do porto Malato na ilha do Marajó; analfabetismo e pobreza da criaturada grande de Dalcidio Jurandir e o jogo de empurra da comunidade mundial no que diz respeito ao financiamento das Mudanças Climáticas, formam o “clima” que antecede a 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, que ocorrerá de 10 a 21 de novembro de 2025 na cidade de Belém do Pará.
Eu não quero que o meu Marajó velho de guerra seja convertido numa Singapura, mas sonho com da Costa Rica amazônica desarmada e amada campeã brasileira do FIB (Felicidade Interna Bruta) chancelada pela ONU, tendo no ecoturismo de base na comunidade sua sustentabilidade no topo da bioeconomia da Amazônia. Isto sim que seria o melhor legado da COP 30 a fim da criaturada grande de Dalcídio sair da margem da História! Concretude justa e perfeita do dispositivo constitucional que reza: “O arquipélago do Marajó é considerado área de proteção ambiental do Pará, devendo o Estado levar em consideração a vocação econômica da região, ao tomar decisões com vista ao seu desenvolvimento e melhoria das condições de vida da gente marajoara” (§ 2°, alínea VI, do Artigo 13, da Constituição do Estado do Pará, de 1989).
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