Publicado em: 4 de outubro de 2025
Dez anos separam a 4ª da 5ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres. A última, realizada em 2016, ainda com a presidenta Dilma Rousseff, acabou sendo seu último compromisso oficial antes do golpe que a afastou.
Entre uma edição e outra, vivemos um período de retrocessos profundos na pauta de direitos das mulheres, com o esvaziamento de políticas públicas e o enfraquecimento de espaços de participação. Ainda assim, resistimos — e a realização da 5ª Conferência marca um reencontro histórico com a luta, o diálogo democrático e a busca por igualdade.
A abertura, prestigiada pela presença do Presidente da República, de todas as Ministras de Estado e pelo emocionante discurso transmitido por Dilma Rousseff direto da China, deu o tom da força daquele encontro e já neste primeiro dia, importantes avanços legislativos foram anunciados, como a prorrogação da licença-maternidade em casos de complicações no pós-parto e pensão especial para crianças e adolescentes órfãos vítimas de feminicídio, sinalizando que a agenda das mulheres voltou ao centro das prioridades do país.
A diversidade foi o coração da conferência. Mais de quatro mil mulheres reunidas em Brasília: indígenas, negras, quilombolas, agricultoras, sindicalistas, trabalhadoras urbanas, advogadas, enfermeiras, mulheres LGBTQIA+, mães, idosas. Todas vindas de diferentes regiões e realidades, trazendo contribuições dos processos realizados em conferências estaduais, municipais e livres em todo o Brasil. Foi nesse contexto que entidades como a AMADA – Associação das Mulheres Advogadas de Alagoas – garantiram suas vagas, demonstrando que cada segmento teve voz e representatividade.
As propostas foram organizadas em 15 eixos temáticos, com debates que envolveram questões como trabalho e autonomia econômica, saúde integral da mulher, enfrentamento à violência, direitos sexuais e reprodutivos e participação das mulheres nos espaços de poder. Cada grupo de trabalho elegeu três propostas prioritárias, encaminhadas à plenária final, em um processo democrático e legítimo de construção coletiva, que teve com grande objetivo formular as bases do novo plano federal de políticas para mulheres.
Talvez tenha sido a maior conferência da história dedicada às mulheres no Brasil, que em toda a sua diversidade, estiveram unidas para garantir representatividade, fortalecer o protagonismo feminino e reafirmar o compromisso com a efetivação dos direitos em um cenário político ainda desafiador.
Mais do que um espaço de deliberação, foi também um evento de integração nacional, onde mulheres de diferentes origens puderam confraternizar, dialogar e compreender, na prática, que não estamos sós.
Saímos de lá com uma certeza gravada na memória coletiva: “mulheres são como águas, crescem quando se juntam”. E nós estamos prontas para transbordar.
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