0
 


 
O livro foi publicado pela primeira vez, como dissertação de mestrado, no emblemático ano de 1999, uma combinação numérica a indicar uma profunda mudança nos paradigmas, afinal tudo se transformaria depois, de 1-9-9-0 para 2-0-0-0, na lógica de que tudo está sendo arrastado pelo rio do tempo de Heráclito de Éfeso.

É este o sentido atual que a obra alerta: tudo mudou significativamente a ponto de a importância ser dada à natureza que desloca o homem a um patamar secundário, algo visível à roda dos anos iniciais do século 21, cujos debates engatinhavam com propostas quase sempre nunca alcançadas quanto à redução da emissão de carbono na atmosfera e o problema da camada de ozônio. 

O autor que dividia o seu livro em três momentos cruciais: o cósmico, o existencial e o jurídico, amplia, nesta sua segunda edição, o vetor filosófico acerca do problema climático, com auxílio da Jurisprudência, amparada por outras ciências como a Geografia, a Sociologia e a Climatologia, a alcançar e a revigorar os atuais debates.
A questão evidenciada pelo autor é que a inevitável rota de colisão da tecnologia com a natureza encontra saída na exemplar autossustentabilidade da Amazônia, nela o verdadeiro futuro, aliando-se com a necessária consciência de que os acordos climáticos não atingirão seus objetivos se não revisarmos o constitucionalismo ecológico – se não assumirmos o papel objetivo de uma crítica axiológica sobre o tema sob uma autopoiesis também autossustentável e da própria Terra vista como Gaia em seu essencial inter-retro-relacionamento.

“Amazônia e Ecofilosofia: um Sentido para o Futuro” aposta na Amazônia como uma resposta aos questionamentos em torno das Mudanças Climáticas provocadas essencialmente pela ação humana. O autor diz que é uma segunda edição revisada com novas informações científicas, renovando o entendimento da relação da inevitável transição climática e o papel das políticas públicas, especialmente a função do Ministério Público nesse cenário.

É um livro que avalia os impactos dessa força incontrolável das Mudanças Climáticas no âmbito das Leis e como um novo Estatuto sob o amparo da Ecofilosofia amazônica em sua realidade basilar pode proteger aqueles que mais sofrem com a ação do clima, em especial os povos tradicionais e suas numerosas nações indígenas, as comunidades ribeirinhas e quilombolas e claro as próprias cidades modernas, erguidas de forma aquém da harmonia entre os citadinos e a natureza.

A obra é enfática ao afirmar que não haverá sociedade no futuro sem a devida e adequada Política Pública e a Jurisprudência fortemente defendida pelos Ministérios Públicos na condução desse respeito à natureza. Por isso, o termo Ecofilosofia esmiuça a centralidade da natureza nos dias de hoje. E próximo à COP 30, em novembro de 2025, aqui em Belém do Pará, este livro contribui para aquecer o debate em torno das questões cruciais no fórum mais importante sobre o clima do planeta.

“Amazônia e Ecofilosofia: Um sentido para o Futuro” coloca a Amazônia em um primeiro plano e nada de fora dela: são quatro capítulos voltados à realidade da Hileia com base na relação das leis e Políticas Públicas assim também como novamente avalia os questionáveis megaprojetos que marcaram décadas de promessas de desenvolvimentos e que geraram incertezas, produziram, na verdade, também danos ambientais que seriam e são hoje evitados por via de leis ambientais que carecem da permanente atualização.

O lado humanista do livro é o filósofo revisor do Direito Ambiental, comprometido com a Amazônia, a ponderar o desenvolvimento da Inteligência Artificial, uma vez que o ser humano tem se deixado levar por uma automação que no âmbito das leis precisa ser estritamente observada e equilibrada pelo teor certo da inevitável mudança, uma palavra-chave neste livro.

O meio ambiente sofre com a intervenção humana diante dos processos naturais e este estudo reforça a Ecofilosofia a alertar a diferença abismal entre os processos naturais, no do que é da natureza, e no que é da cultura. Frisamos que o único responsável por tudo de ruim que está acontecendo agora com os aspectos climáticos é de responsabilidade daquele que tem uma denominação a apontar para o futuro: o ser humano.

E para resumir: a transição climática força uma transição social e jurídica, movendo do intersubjetivo ao metaindividual, ou seja, do Antropocentrismo para o Ecocentrismo, a nova face do planeta azul que se veste agora de planeta verde: Smartecologia, PIB verde, créditos de carbono – novos paradigmas de desenvolvimento e autossustentabilidade.
 
SILVA, Ricardo Albuquerque da. Amazônia e Ecofilosofia: Um sentido para o Futuro.2ª Ed. São Paulo: Dialética.
 
Lançamento: Dia 18 de setembro, às 17 horas no Auditório Fabrício Ramos Couto – CEAF, Rua João Diogo nº 52, Cidade Velha, Belém-PA.

Benilton Cruz
Benilton Cruz é doutor em Teoria e História Literária, professor de alemão e do Curso de Letras-Português e Letras-Libras da UFRA, Campus Belém, autor dos livros: Olhar, verbo expressionista – O Expressionismo Alemão no romance “Amar, verbo intransitivo de Mário de Andrade; Moços & Poetas – Quatro Poetas na Amazônia - Ensaios Sobre Antônio Tavernard, Paulo Plínio Abreu, Mario Faustino e Max Martins; Espólios para uma Poética – Lusitanias Modernistas em Mário de Andrade; pesquisador e perito forense, editor do blog Amazônia do Ben; editor do Canal de Poemas No Meio do Teu Coração Há um Rio, no Youtube. Diretor da Academia Maçônica de Letras do Estado do Pará; e membro eleito da Academia Paraense de Letras.

Ferryboat saiu de Icoaraci para o Marajó com mais de 3h de atraso

Anterior

Parceria com TJPA leva posto de solução de conflitos à UNAMA

Próximo

Você pode gostar

Comentários