Publicado em: 1 de setembro de 2025
Hoje, na segunda dedicada à poesia, falaremos sobre a poetisa Rupi Kaur, uma jovem poetisa indo-canadense, escritora das obras “Milk and Honey” (2015), “The Sun and Her Flowers” (2017) e “Home and Body” (2020), que estreou em primeiro lugar entre os best sellers mundiais. Kaur expressa em sua poesia uma trama de sentimentos que refletem experiências pessoais e universais. Seus poemas falam sobre amor, perda, trauma, cura, feminilidade, identidade e resiliência, com uma linguagem acessível e emocionalmente crua. Alguns a chamam de instapoetisa, em razão de sua presença na rede social e pela interação constante com os leitores no Instagram. Abaixo, destaco alguns dos sentimentos centrais em sua obra, com base em sua poesia e no que ela compartilha publicamente.
O instapoema de Rupi Kaur é uma forma de poesia curta, direta e acompanhada de forte apelo visual, que ganhou popularidade nas redes sociais, principalmente no Instagram. Rupi Kaur consolidou esse estilo a partir do livro Milk and Honey (2015), que nasceu de seus posts na internet. O instapoema não é apenas literatura: é também um formato comunicativo contemporâneo, que une poesia, design gráfico e estratégia de comunicação digital. O poema de Kaur expressa uma lírica contemporânea e atravessa a fronteira digital.
Kaur tem uma linguagem enxuta e explora a dor, especialmente ligada a experiências de abuso, violência de gênero e traumas geracionais. Em “Milk and Honey”, ela escreve sobre a violência sexual e o impacto emocional de crescer em uma cultura patriarcal. Seus poemas comunicam tristeza profunda, mas também uma busca por compreensão e aceitação dessas dores e traumas.
O amor romântico e o auto amor também são temas recorrentes na poesia de Kaur. Ela escreve sobre o desejo de conexão, mas também sobre a vulnerabilidade e as cicatrizes que o amor pode deixar. Seus poemas celebram o amor-próprio como um ato de resistência. Veja em “How you love yourself is / how you teach others / to love you”. Há uma dubiedade de ternura e de força em sua poética do amor.
A busca de cura é um dos motes da obra Kaur. Ela transforma sentimentos de ruptura em momentos de crescimento pessoal, enfatizando a resiliência. Em “The Sun and Her Flowers”, a autora usa a metáfora do ciclo de uma flor para ilustrar a queda pessoal e renovação, transmitindo esperança e força interior. Os versos “I am not a victim / of my life” mostram essa disposição pessoal para superar adversidades.
Filha de imigrantes sikhs, Kaur explora sentimentos de deslocamento cultural e a tensão entre sua herança indiana e a vida no Ocidente. Seus poemas frequentemente expressam saudade, alienação e o esforço para reconciliar essas identidades. Vejo em “our backs / tell stories / no books have / the spine to carry”, um ser trânsito, e seu poema admite isto.
Há uma forte presença feminista na lírica de Kaur; de empoderamento, com sentimentos de dor contra a opressão patriarcal da sua cultura e orgulho pela força feminina. Kaur celebra a mulher que ela é como um ser poderoso, mas também reconhece a exaustão de lutar contra desigualdades de gênero. Os versos “I am a museum full of art / but you had your eyes shut” destacam a autovalorização.
Nas redes sociais, sobretudo X e Instagram, Kaur compartilha reflexões sobre sua vulnerabilidade e sobre o processo criativo, sobre a importância de expressar emoções autênticas. Ela já mencionou em entrevistas que escrever é uma forma de processar sentimentos complexos, como a solidão e a pressão de ser uma voz para sua comunidade.
O eu poético de Rupi Kaur mistura experiências pessoais, reflexões coletivas e uma perspectiva profundamente emotiva da vida. Seu poema é um espelho para suas vivências e para ser vista por seus leitores. O eu poético de Kaur expressa seus sentimentos, delineando os temas centrais dor, amor, cura, identidade e empoderamento.
O Eu Poético de Rupi Kaur ecoa uma Voz intimista e universal. Ele é caracterizado por sua vulnerabilidade, em linguagem minimalista, que mistura lirismo de confissão pessoal com reflexões universais. O texto funciona como um canal para processar sentimentos complexos, muitas vezes edificando uma ponte entre a experiência individual de Kaur e as vivências compartilhadas de mulheres, especialmente de minorias, como ela. Essa voz poética é simultaneamente frágil e resiliente, navegando por emoções intensas com honestidade e sem medo de expor feridas.
O Eu Poético de Kaur é um náufrago Sobrevivente, que expressa a dor, um sentimento central, frequentemente ligado a traumas pessoais e coletivos, como abuso, violência de gênero e silenciamento. Em “Milk and Honey” (2015), a seção “The Hurting” apresenta um eu poético que confronta a violência sofrida:
“He placed his hands / on my mind / before reaching / for my waist / my hips / or my lips / he didn’t call me / beautiful first / he called me / his”.
O eu poético expressa um sentimento de violação e desumanização, com uma voz que oscila entre a raiva e a tristeza. A escolha de palavras simples e a repetição de partes do corpo destacam a invasão física e emocional, enquanto o eu poético se posiciona como uma testemunha que começa a questionar sua própria submissão. É um eu dúbio e hesitante, porém, carregado de historicidade. Esse eu poético não apenas relata a dor, mas a disseca, transformando-a em um ato de resistência. Em entrevistas, Kaur explica que sua poesia é uma forma de “reivindicar” sua história, e o eu poético reflete isso ao dar voz ao que foi silenciado.
O Eu Poético de Kaur também expressa a busca por conexão e explora o amor em suas várias formas: romântico, familiar e próprio, combinando desejo, medo e autodescoberta. Em “The Sun and Her Flowers” (2017), o eu poético reflete sobre o amor romântico com uma vulnerabilidade que revela tanto anseio quanto cautela:
“i want to be / so soft / that it hurts / to touch me / but so strong / that nothing / can break me”.
Esses versos expõem um eu poético dividido entre a entrega ao amor e a necessidade de autoproteção. O sentimento aqui expressa desejo profundo de conexão, mas com a consciência de que o amor pode ferir. A poética é íntima, quase como um sussurro, o que reforça a autenticidade emocional.
No auto amor, o eu poético assume um tom mais assertivo, como em “Home Body” (2020):
“I am my own healer / i am my own home”.
Nestes versos simples, o eu poético celebra a autossuficiência, rejeitando a dependência de validação externa. Esse sentimento de empoderamento é central para a jornada de cura de Kaur, e o eu poético é um guia para os leitores, incentivando-os a encontrar força interna.
O Eu Poético de Kaur também veicula renascimento e cura. A cura é um dos sentimentos mais poderosos no eu poético de Kaur, representada como um processo não linear de transformação. Em “The Sun and Her Flowers”, a seção “Blooming” apresenta um eu poético que se reconstrói após a dor:
“I am not a flower / that wilts / i am the sun / that makes them grow”.
Esse verso reflete um sentimento de resiliência e de autoconfiança, com o eu poético assumindo um papel ativo em sua própria recuperação. A metáfora do sol comunica poder e vitalidade, contrastando com a fragilidade associada às flores.
Kaur elabora o eu poético como estratégia de comunicação para universalizar a cura, conectando suas experiências às de outros. Em um post no na rede social de 2025, ela escreveu: “minha poesia é para quem já se sentiu quebrado e ainda assim escolheu crescer”. Esse sentimento de esperança coletiva é amplificado pelo eu poético, que serve como um espelho para leitores que buscam enfrentar suas próprias lutas.
O Eu Poético também transita entre mundos: filha de imigrantes sikhs, o eu poético de Kaur frequentemente expressa sentimentos de deslocamento, saudade e busca por pertencimento. Em “Home Body” a lírica instiga a experimentar a tensão entre herança cultural e assimilação, como estratégia de pertencimento. Nestes versos;
“my parents gave up their roots / so i could grow wings / but now i’m neither tree nor bird”.
Os versos transmitem o sentimento de alienação, com o eu poético em trânsito por duas identidades: a cultura indiana de sua família e o mundo ocidental onde cresceu. A voz poética é melancólica e introspectiva, buscando reconciliar essas dualidades.
Na rede social X, Kaur frequentemente manifesta o eu poético para celebrar sua herança sikh. Em um post na rede social, Kaur compartilha imagens de turbantes ou rituais, acompanhados de frases como:
“Meu sangue carrega histórias que não cabem em uma língua só” (2024). O eu poético, nesses momentos, é um canal para orgulho cultural, mas também para a solidão de não pertencer completamente a nenhum lugar.
A lírica de Kaur é pungente quando expressa raiva e empoderamento: o eu poético manifesta a voz de resistência e a raiva é um sentimento poderoso no eu poético de Kaur, especialmente quando confronta injustiças de gênero e raciais. Em “Milh and Honey”, o eu poético reivindica sua voz:
“Y tell me to quiet down cause / my opinions make me less beautiful / but i was not made with a fire in my belly / so i could be put out”.
Seu versos clamam por justiça e expressam indignação e força, rejeitando a tentativa de silenciamento. A imagem do “fogo na barriga” simboliza uma raiva transformadora, que alimenta o empoderamento. Esse sentimento comunica com leitores que enfrentam opressão, especialmente mulheres de minorias.
O Impacto da poética de Kaur: sua poética é uma fusão de sua própria voz com uma representação coletiva, projetada para conectar leitores de diversas origens. Em entrevista para a Vogue India (2023), Kaur descreve sua poesia como “uma conversa comigo mesma que convido outros a ouvir”. Essa abordagem confessional faz do eu poético um espaço seguro para explorar sentimentos complexos, como dor, amor e cura, enquanto oferece validação aos leitores.
A poesia de Rupi Kaur ecoa uma voz multifacetada que carrega sentimentos de dor, amor, cura, deslocamento e empoderamento. Ele é dubiamente íntimo e universal, refletindo as lutas pessoais e coletivas de Kaur, enquanto conecta com leitores que buscam identificação e força. Kaur é uma poetisa deste tempo sem fronteiras. Em seu perfil no Instagram https://www.instagram.com/rupikaur_?igsh=MWR0emxtaHYyOWR2OQ== Kaur celebra sua obra e conversa com seus leitores.
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