Publicado em: 31 de agosto de 2025
Desde sábado à noite a rede social X esteve agitada pelo boato de que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, havia falecido. As especulações avançaram para o assunto mais comentado da rede social.
Alguns episódios que alimentam as especulações sobre a possível morte de Trump:
A Casa Branca anunciou a suspensão de todos os compromissos oficiais de Trump para os próximos dias, sem fornecer explicações detalhadas. Essa falta de transparência criou um vácuo de informação, que foi rapidamente preenchido por especulações sobre a saúde ou possível morte do presidente.
Trump não aparecia em público desde 22 de agosto, quando se encontrou com Gianni Infantino, presidente da FIFA, na Casa Branca. Essa ausência, combinada com o cancelamento da agenda, intensificou as suspeitas de que algo grave poderia ter ocorrido.
Trump foi diagnosticado com insuficiência venosa crônica, em julho de 2025, uma condição que causa inchaço, dor e hematomas, mas não é considerada fatal. Fotos recentes, mostrando hematomas na mão de Trump, parcialmente disfarçados por maquiagem, foram amplamente compartilhadas e comparadas por internautas às manchas roxas vistas na rainha Elizabeth II, antes da sua morte em 2022, o que alimentou teorias conspiratórias.
A bandeira americana na Casa Branca foi hasteada a meio mastro, o que alguns interpretaram sendo sinal de luto pela morte de Trump. No entanto, um comunicado oficial de 27 de agosto esclareceu que isso foi em homenagem às vítimas de um ataque em Minneapolis, onde um atirador matou duas crianças e feriu outras.
Uma entrevista do vice-presidente J. D. Vance, ao USA Today, publicada em 27 de agosto, contribuiu para as especulações. Questionado sobre sua prontidão para assumir a presidência em caso de uma “tragédia terrível”, Vance elogiou a saúde de Trump, mas mencionou que “eventos imprevistos não podem ser descartados”, o que foi interpretado por alguns como um possível indício de problemas.
Páginas de fofoca, como a Choquei, e postagens no X, impulsionaram o boato, com diferentes hashtags (#TrumpDead, #CasaBranca, etc.), chegando ao topo dos trending topics mundiais. A menção a uma suposta “previsão” de Os Simpsons, com imagens de Trump em um caixão, e piadas envolvendo a cantora Alcione, que mencionou uma “macumbinha” contra Trump, também viralizaram, dando um tom humorístico e conspiratório ao rumor.
Apesar da viralização, a fofoca foi desmentida e Trump foi fotografado na manhã de 30 de agosto por Andrew Caballero-Reynolds, da AFP, saindo da Casa Branca com a sua neta, Kai Trump, a caminho do campo de golfe Trump National, em Sterling, Virgínia. A correspondente da Globo em Washington, Raquel Krähenbühl, também confirmou que a agenda de Trump não foi cancelada, mas simplesmente não incluía eventos oficiais devido a um feriado nos EUA. Além disso, Trump continuou postando ativamente em sua rede social, Truth Social, sem comentar diretamente o boato.
O boato surgiu de uma combinação de silêncio oficial, ausência pública de Trump, da sua condição de saúde conhecida e de mal-entendidos sobre a bandeira a meio mastro. Tais fatores foram amplificados pela dinâmica das redes sociais e pela polarização política. A falta de pronunciamentos imediatos da Casa Branca permitiu que especulações se espalhassem, mas evidências – fotos e relatos de jornalistas – confirmam que Trump não morreu.
Donald Trump está vivíssimo; segue balizando a política e a economia mundiais.
Os eventos desta semana seguem o panorama desenhado pelos principais eventos globais de 2025:
No Leste Europeu, a guerra na Ucrânia continua sendo o epicentro de um novo equilíbrio de poder. O impasse entre Kiev e Moscou arrasta a Europa para uma situação de dependência permanente das decisões de Washington e da disposição da OTAN em expandir garantias de segurança.
A Rússia, mesmo pressionada, resiste e aposta no cansaço ocidental, enquanto a Ucrânia busca transformar sua luta em símbolo da defesa da ordem liberal. A questão é que essa ordem já não se sustenta sozinha: aliados hesitam, custos crescem, e a guerra se transforma mais em teste de resistência do que de vitória militar. A presença de Donald Trump na tentativa de mediação não tem sido persuasiva o suficiente para encerrar o conflito.
A crise comercial entre EUA e Índia mostra o quanto o discurso sobre parcerias democráticas pode ceder espaço à lógica dura dos interesses econômicos. Ao punir Nova Délhi por manter relações com Moscou, Washington corre o risco de empurrar a Índia ainda mais para perto da China e Rússia, fortalecendo os BRICS. Essa parceria comercial preocupa os EUA, gerando tensão em uma relação que estava amistosa com a Índia no começo de 2025.
Depois de Trump aplicar tarifa de 50% nas exportações, Modi criticou as tarifas, considerando-as injustas e politicamente revanchistas; cancelou uma delegação comercial dos EUA e anunciou uma visita à China, sinalizando alternativas ao relacionamento com Washington. Além disso, Modi tem evitado atender ligações de Trump.
No Oriente Médio, os conflitos — Israel contra Hamas e contra o Irã — reforçam a percepção de que a região permanece refém de ciclos intermitentes de violência. Apelos humanitários, como os feitos pelo Papa, expõem a dimensão ética da tragédia, mas esbarram na realidade: nenhum dos líderes regionais parece disposto a abrir mão de ganhos militares imediatos em nome da paz.
Na África e na Ásia, os conflitos do Congo, da fronteira Camboja–Tailândia e da guerra civil em Mianmar, revelam outro traço preocupante: a proliferação de guerras “invisíveis” para a mídia ocidental, mas devastadoras em termos humanitários e desestabilizadoras em escala regional. Esses conflitos, muitas vezes ligados a recursos estratégicos, alimentam redes transnacionais de violência e corroem ainda mais a confiança em mecanismos multilaterais.
Sabemos qual o real agente por detrás de todos esses episódios, a competição por recursos escassos (energia, tecnologia, rotas comerciais) e a instrumentalização da inteligência artificial e da informação como armas geopolíticas. O mundo de 2025 não caminha para uma nova ordem clara, mas para uma desordem administrada, em que alianças são instáveis.
Nesta semana, a União Europeia considerou a eliminação de tarifas sobre produtos industriais dos EUA ainda esta semana, em resposta à demanda de Trump, que por sua vez promete reduzir tarifas sobre carros europeus. Esse movimento pode sinalizar uma trégua nas tensões comerciais entre as potências, evidenciando que os mercados internacionais, sob pressão de incertezas políticas, tensões comerciais e decisões macroeconômicas, estão aumentando a volatilidade nos mercados financeiros, afetando estratégias corporativas em todo o mundo
Trump e a pressão política externa e interna
Trump intensificou sua busca por maior poder executivo, promovendo demissões de forma a testar os limites da autoridade presidencial nos EUA, promovendo impacto sobre Fed e sobre independência institucional. A tentativa de Trump de demitir governadores da Reserva Federal reforça críticas sobre sua interferência em instituições centrais e sinais de pressão política intensa.
Durante a semana houve intensa movimentação do governo Donald Trump, tanto no plano doméstico, quanto no cenário internacional. As ações do presidente revelaram um padrão de atuação que combina confronto, pressão e negociação, sempre com a intenção de reforçar a sua autoridade e de reposicionar os Estados Unidos na condição de ator central da arena global.
Trump testou novamente os limites institucionais do sistema americano. Ao promover demissões estratégicas e ameaçar a independência de órgãos centrais, um deles a Reserva Federal, o presidente sinalizou que está disposto a ampliar o alcance do seu poder executivo, mesmo que isso implique choques com a tradição de pesos e contrapesos, que caracteriza a democracia norte-americana. Esse movimento acirra o debate sobre os riscos de centralização excessiva de autoridade e levanta questionamentos sobre a resiliência das instituições frente à pressão presidencial.
No campo externo, a diplomacia de Trump oscilou entre avanços pragmáticos e tensões controversas. O anúncio da União Europeia de considerar a retirada de tarifas sobre produtos americanos reflete a eficácia da sua política de barganha, baseada em ameaças e contrapartidas. Ao prometer reduzir tarifas sobre automóveis europeus, Trump apresentou-se como negociador duro, mas capaz de oferecer concessões quando percebe benefícios diretos para a economia norte-americana. Tal postura, embora vista agressiva por parceiros, gera resultados concretos na reconfiguração das relações comerciais.
Por outro lado, episódios como o atrito com a Dinamarca, motivado por supostas tentativas de influência norte-americana na questão da Groenlândia, expõem o lado mais problemático da sua diplomacia. A iniciativa reacende memórias da polêmica de 2019, quando Trump manifestou interesse em comprar o território, e fortalece críticas de que sua política externa mistura interesses estratégicos legítimos com gestos improvisados, que desgastam relações tradicionais. Trump não é exatamente o que se espera de um chefe de estado.
A conjuntura global também ofereceu elementos importantes para compreender os impactos do governo Trump. A instabilidade no Oriente Médio, a volatilidade do preço do petróleo e a crescente relevância da Índia, como polo de investimentos, ressaltam a necessidade de liderança norte-americana no equilíbrio geopolítico. Nesse contexto, Trump procura reafirmar a primazia dos EUA, mas o faz por meio de uma abordagem personalista, onde a lógica do “ganho imediato” muitas vezes supera a construção de consensos duradouros.
Assim, um zap da semana mostra um governo em movimento constante, dominando o espectro político e sequestrando a pauta da mídia, que alterna avanços e retrocessos, algumas vitórias táticas e tensões diplomáticas. O estilo agressivo e centralizador de Trump configura os Estados Unidos como agente constante de desestabilização e de barganha, constantemente em confronto, mas também levanta dúvidas sobre a sustentabilidade desse modelo de governança a médio e longo prazos.
Trump segue sua jornada de batuta da cena global, direto do salão oval, de onde atua como um equilibrista de pratos giratórios da economia e da política.
Comentários