Publicado em: 9 de fevereiro de 2011
No Pará, 280 pacientes com insuficiência renal crônica e que dependem do tratamento de hemodiálise (filtragem e depuração do sangue feita mecanicamente) esperam atendimento, sem esperança de que a fila ande a curto prazo.
A rotina dos que dependem do tratamento é extremamente penosa. Muitos fazem longas viagens para obter a filtragem do sangue pelo menos três vezes por semana, com duração de quatro horas cada sessão, e passam fome, porque nesses locais só lhes é oferecido, a título de almoço, um copo de suco e um pão careca. Dezenas deles têm que ficar em hospitais e acabam ocupando leitos porque não conseguem vaga em unidades privadas e serviços públicos. O custo operacional dessas internações é enorme, além das sequelas psicológicas, com a depressão causada pela doença e desestruturação familiar. É uma situação desumana.
Para se ter uma ideia do sofrimento dessas pessoas, o serviço só está disponível em oito municípios paraenses. E há três mil pacientes renais crônicos cadastrados no Pará. Mais: os locais em que são instaladas as máquinas de hemodiálise precisam de retaguarda hospitalar, inclusive UTI.
É um crime medonho que tenham deixado encaixotados na rede pública dita de saúde equipamentos de hemodiálise enquanto tantas pessoas precisam desesperadamente deles. Paralelamente às providências do governo do Estado para colocá-los em funcionamento, é preciso que o Ministério Público responsabilize os causadores de tamanha dor.
A luta por um hospital do SUS no Pará exclusivo para transplante de rim, fígado, córnea, coração e medula, e a expansão dos serviços de atendimento deve ser bandeira de todos os paraenses. A sociedade pode e deve ajudar, a começar pela prevenção, com o cadastro de hipertensos e diabéticos nos municípios, e do estímulo à doação de órgãos. Muita gente tem medo de ser doador. Mas não custa refletir: ao invés de deixar seu corpo virar pó ou cinzas, não seria um final muito mais feliz sabê-lo pulsante, dando a chance de vida a outro ser humano?
Se alguém quiser saber mais sobre o tema e ajudar, pode contactar a Associação dos Renais Crônicos e Transplantados do Pará, através de Carlos Genú e Belina Soares, pelo e-mail arctpa@arctpa.com.br.
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