Publicado em: 28 de agosto de 2013
Com
cópias para o Secretário de Cultura, Paulo Chaves Fernandes, para o Secretário
de Educação, Cláudio Cavalcanti Ribeiro e para o deputado alenquerense José
Megale Filho, o editor do Portal O Marambiré
encaminhou, em 05/06/2013, esta Carta Aberta ao governador Simão Jatene:
cópias para o Secretário de Cultura, Paulo Chaves Fernandes, para o Secretário
de Educação, Cláudio Cavalcanti Ribeiro e para o deputado alenquerense José
Megale Filho, o editor do Portal O Marambiré
encaminhou, em 05/06/2013, esta Carta Aberta ao governador Simão Jatene:
“Excelentíssimo
Senhor
Senhor
DR.
SIMÃO ROBSON DE OLIVEIRA JATENE
SIMÃO ROBSON DE OLIVEIRA JATENE
DD
Governador do Estado do Pará
Governador do Estado do Pará
BELÉM-PA.
Senhor
Governador:
Governador:
Cumprimentando
cordialmente Vossa Excelência, peço vênia para, por meio desta, sugerir-lhe que
seja batizada com o nome de “FRANCISCO GOMES DE AMORIM” a escola estadual que
ora está sendo construída na sede do Município de Alenquer.
cordialmente Vossa Excelência, peço vênia para, por meio desta, sugerir-lhe que
seja batizada com o nome de “FRANCISCO GOMES DE AMORIM” a escola estadual que
ora está sendo construída na sede do Município de Alenquer.
Permita-me
esclarecer que, desde que me aposentei como Procurador de Justiça do Ministério
Público do Estado do Pará, em 2006, venho me dedicando com afinco, e com o
apoio do MCA –Museu da Cidade de Alenquer, ao Projeto “Alenquer de Saudade /
Memória de Alenquer”, que objetiva resgatar aspectos importantes e esquecidos
da história e da cultura alenquerense.
esclarecer que, desde que me aposentei como Procurador de Justiça do Ministério
Público do Estado do Pará, em 2006, venho me dedicando com afinco, e com o
apoio do MCA –Museu da Cidade de Alenquer, ao Projeto “Alenquer de Saudade /
Memória de Alenquer”, que objetiva resgatar aspectos importantes e esquecidos
da história e da cultura alenquerense.
Em
decorrência, mantenho na internet o Portal O Marambiré
(http://www.omarambire.com.br), que abriga o Boletim Cultural Digital com o
mesmo nome e todas as pesquisas resultantes do referido Projeto.
decorrência, mantenho na internet o Portal O Marambiré
(http://www.omarambire.com.br), que abriga o Boletim Cultural Digital com o
mesmo nome e todas as pesquisas resultantes do referido Projeto.
Francisco
Gomes de Amorim nasceu em Aver-O-Mar em 27 de agosto de 1827 e faleceu em
Lisboa em 4 de novembro de 1891. Em 1837, com apenas 10 anos de idade, emigrou
para o Grão-Pará, em cujo porto foi “vendido” como “escravo branco”.
Gomes de Amorim nasceu em Aver-O-Mar em 27 de agosto de 1827 e faleceu em
Lisboa em 4 de novembro de 1891. Em 1837, com apenas 10 anos de idade, emigrou
para o Grão-Pará, em cujo porto foi “vendido” como “escravo branco”.
No
Pará, Gomes de Amorim permaneceu por cerca de 9 anos – três dos quais (de 1840
a 1843) radicado em Alenquer, onde se tonou poeta, pois ali teve a primeira
“revelação da poesia” e se ali se transformou “de menino em homem”.
Pará, Gomes de Amorim permaneceu por cerca de 9 anos – três dos quais (de 1840
a 1843) radicado em Alenquer, onde se tonou poeta, pois ali teve a primeira
“revelação da poesia” e se ali se transformou “de menino em homem”.
Segundo
as próprias palavras de Gomes de Amorim, ao referir-se a Alenquer: “Aqui fui
poeta; uma existência nova começou para mim entre estes bosques, berço da minha
musa; aqui se abriram os olhos da minh’alma à nova aurora; aqui novos afetos
consolaram o mísero proscrito; aqui, com ânsia de virgem coração, amei, e amado
fui também como se ama nestas praias, sob este céu de fogo!”
as próprias palavras de Gomes de Amorim, ao referir-se a Alenquer: “Aqui fui
poeta; uma existência nova começou para mim entre estes bosques, berço da minha
musa; aqui se abriram os olhos da minh’alma à nova aurora; aqui novos afetos
consolaram o mísero proscrito; aqui, com ânsia de virgem coração, amei, e amado
fui também como se ama nestas praias, sob este céu de fogo!”
Ao
regressar a Lisboa, em 1846, Amorim tornou-se amigo, confidente e, depois, o
principal biógrafo do Visconde de Almeida Garrett, despontando logo como um dos
mais proeminentes nomes da chamada “segunda geração romântica de Portugal”.
regressar a Lisboa, em 1846, Amorim tornou-se amigo, confidente e, depois, o
principal biógrafo do Visconde de Almeida Garrett, despontando logo como um dos
mais proeminentes nomes da chamada “segunda geração romântica de Portugal”.
Sua
obra é prolífica – foi contista, cronista, etnógrafo, memorialista, polemista,
romancista, sociólogo e teatrólogo. Sua vivência na Amazônia, e, em especial,
em Alenquer, constitui o pano de fundo de toda a sua literatura.
obra é prolífica – foi contista, cronista, etnógrafo, memorialista, polemista,
romancista, sociólogo e teatrólogo. Sua vivência na Amazônia, e, em especial,
em Alenquer, constitui o pano de fundo de toda a sua literatura.
A
sua peça teatral “O CEDRO VERMELHO”, dedicada ao Imperador Dom Pedro II,
encenada no Teatro Dona Maria II em Lisboa em 8 de maio de 1856 e publicada em
forma de livro em 1874, tem por cenário o Lago Curumu, em Alenquer, sendo,
pois, o primeiro escritor a entronizar o nome, as belezas e os costumes de
Alenquer e do seu belo lago na literatura mundial do século XIX.
sua peça teatral “O CEDRO VERMELHO”, dedicada ao Imperador Dom Pedro II,
encenada no Teatro Dona Maria II em Lisboa em 8 de maio de 1856 e publicada em
forma de livro em 1874, tem por cenário o Lago Curumu, em Alenquer, sendo,
pois, o primeiro escritor a entronizar o nome, as belezas e os costumes de
Alenquer e do seu belo lago na literatura mundial do século XIX.
Mas
não só ao passado alenquerense está ligado o nome de Francisco Gomes de Amorim.
Sua importância para a cultura do Estado do Pará é igualmente muito bem
destacada por Vicente Salles, que o aponta como um dos primeiros a “afirmar a
poesia paraense”, ao lado de Bruno Seabra e Severiano Bezerra de Albuquerque.
Seu poema “O CAÇADOR E A TAPUIA” tornou-se famosa canção popular no Pará na
segunda metade do século XIX, conforme informa em monografia o saudoso
pesquisador paraense recém falecido.
não só ao passado alenquerense está ligado o nome de Francisco Gomes de Amorim.
Sua importância para a cultura do Estado do Pará é igualmente muito bem
destacada por Vicente Salles, que o aponta como um dos primeiros a “afirmar a
poesia paraense”, ao lado de Bruno Seabra e Severiano Bezerra de Albuquerque.
Seu poema “O CAÇADOR E A TAPUIA” tornou-se famosa canção popular no Pará na
segunda metade do século XIX, conforme informa em monografia o saudoso
pesquisador paraense recém falecido.
Para
o seu maior biógrafo, José Rodrigo Carneiro da Costa Carvalho, professor da
Universidade do Porto, as andanças de Gomes de Amorim pela selva amazônica
constituem “o mais suculento e o mais genuíno da sua literatura”, sem falar,
segundo o mesmo biógrafo, que “a poesia marítima tem em Francisco Gomes de
Amorim o seu criador.”
o seu maior biógrafo, José Rodrigo Carneiro da Costa Carvalho, professor da
Universidade do Porto, as andanças de Gomes de Amorim pela selva amazônica
constituem “o mais suculento e o mais genuíno da sua literatura”, sem falar,
segundo o mesmo biógrafo, que “a poesia marítima tem em Francisco Gomes de
Amorim o seu criador.”
Segundo
outro professor da Universidade do Porto, Manuel Gomes da Torre, também nascido
em Aver-O-Mar, terra natal de Gomes de Amorim – “Ninguém adivinharia que o
menino de 10 anos, quase analfabeto, sofresse, no curto período de nove anos, a
transformação de que a sua vasta obra é testemunha eloquente. E Alenquer foi o
cenário principal dessa transformação.”
outro professor da Universidade do Porto, Manuel Gomes da Torre, também nascido
em Aver-O-Mar, terra natal de Gomes de Amorim – “Ninguém adivinharia que o
menino de 10 anos, quase analfabeto, sofresse, no curto período de nove anos, a
transformação de que a sua vasta obra é testemunha eloquente. E Alenquer foi o
cenário principal dessa transformação.”
Inobstante,
o nome de Francisco Gomes de Amorim caiu em total e imerecido esquecimento,
tanto em Alenquer como no Pará, mercê de injustificável ingratidão para com o
poeta que tanto se encantou pela Amazônia, e, de modo especial, por Alenquer –
a “povoaçãozinha” que ele relembraria para sempre “com uma doce melancolia”,
segundo suas próprias confissões.
o nome de Francisco Gomes de Amorim caiu em total e imerecido esquecimento,
tanto em Alenquer como no Pará, mercê de injustificável ingratidão para com o
poeta que tanto se encantou pela Amazônia, e, de modo especial, por Alenquer –
a “povoaçãozinha” que ele relembraria para sempre “com uma doce melancolia”,
segundo suas próprias confissões.
Foi
com o escopo de resgatar esse aspecto importantíssimo da cultura amazônica,
paraense e alenquerense, que idealizei, como um dos principais itens do Projeto
“Alenquer da Saudade/Memória de Alenquer”, o (re)descobrimento da vida e da
obra de Francisco Gomes de Amorim.
com o escopo de resgatar esse aspecto importantíssimo da cultura amazônica,
paraense e alenquerense, que idealizei, como um dos principais itens do Projeto
“Alenquer da Saudade/Memória de Alenquer”, o (re)descobrimento da vida e da
obra de Francisco Gomes de Amorim.
Assim,
depois de três anos de dificultosa pesquisa, publiquei o livro “O CURUMU DE ALENQUER
NA OBRA DE FRANCISCO GOMES DE AMORIM” (Belém-PA: Smith Editora, 154 págs.),
lançado em 11 de junho de 2010 na Loja Maçônica Fraternidade Alenquerense, que
teve boa e surpreendente repercussão em Póvoa de Varzim, em Portugal.
depois de três anos de dificultosa pesquisa, publiquei o livro “O CURUMU DE ALENQUER
NA OBRA DE FRANCISCO GOMES DE AMORIM” (Belém-PA: Smith Editora, 154 págs.),
lançado em 11 de junho de 2010 na Loja Maçônica Fraternidade Alenquerense, que
teve boa e surpreendente repercussão em Póvoa de Varzim, em Portugal.
Em
continuidade ao projeto de (re)descoberta desse ícone da história e da cultura
da região, o livro acima citado foi relançado, e a vida e a obra de Gomes de
Amorim foram objetos de longa entrevista concedida ao jornalista Carlos Corrêa
Santos, tudo no dia 30 de maio de 2011, no V SALÃO DO LIVRO DO BAIXO AMAZONAS,
em Santarém, realizado pela SECULT, e, em seguida, proferi palestras sobre o
tema nas Escolas “Beatriz do Valle” e “Santo Antônio”, ambas mantidas pelo
Governo do Estado em Alenquer.
continuidade ao projeto de (re)descoberta desse ícone da história e da cultura
da região, o livro acima citado foi relançado, e a vida e a obra de Gomes de
Amorim foram objetos de longa entrevista concedida ao jornalista Carlos Corrêa
Santos, tudo no dia 30 de maio de 2011, no V SALÃO DO LIVRO DO BAIXO AMAZONAS,
em Santarém, realizado pela SECULT, e, em seguida, proferi palestras sobre o
tema nas Escolas “Beatriz do Valle” e “Santo Antônio”, ambas mantidas pelo
Governo do Estado em Alenquer.
Esperava,
sinceramente, que as autoridades municipais se engajassem nesse esforço de (re)valorização
da cultura de Alenquer, do Pará e da Amazônia.
sinceramente, que as autoridades municipais se engajassem nesse esforço de (re)valorização
da cultura de Alenquer, do Pará e da Amazônia.
Todavia,
decorridos três anos do lançamento do livro “O CURUMU DE ALENQUER NA OBRA DE
FRANCISCO GOMES DE AMORIM”, nenhuma homenagem até agora foi prestada pelos poderes
públicos ao escritor português a quem Alenquer e o Pará tanto ficaram a dever.
decorridos três anos do lançamento do livro “O CURUMU DE ALENQUER NA OBRA DE
FRANCISCO GOMES DE AMORIM”, nenhuma homenagem até agora foi prestada pelos poderes
públicos ao escritor português a quem Alenquer e o Pará tanto ficaram a dever.
No
testemunho do bisneto homônimo do escritor (que, octogenário, vive em Jacarepaguá,
no Rio de Janeiro), “o sonho de Gomes de Amorim, revelado por ele mesmo em
vida, era ter seu nome dado a uma escola”.
testemunho do bisneto homônimo do escritor (que, octogenário, vive em Jacarepaguá,
no Rio de Janeiro), “o sonho de Gomes de Amorim, revelado por ele mesmo em
vida, era ter seu nome dado a uma escola”.
É,
pois, com a mais viva esperança que, tomando conhecimento de que o Estado do
Pará está construindo, presentemente, na sede da cidade de Alenquer, uma grande
escola estadual (por sinal coincidentemente localizada às proximidades do Lago
Curumu, cenário da consagrada e mais do que secular peça “O CEDRO VERMELHO”),
tomo a liberdade, por oportuno, de sugerir a Vossa Excelência batizar essa
escola, mediante projeto de lei a ser submetido ao Poder Legislativo, com o
nome de “FRANCISCO GOMES DE AMORIM” – com o que o Governo de Vossa Excelência
estará, sem dúvida alguma, saldando uma imensa dívida de gratidão para com o saudoso
vate lusitano e (re)valorizando, sobremaneira, a cultura regional.
pois, com a mais viva esperança que, tomando conhecimento de que o Estado do
Pará está construindo, presentemente, na sede da cidade de Alenquer, uma grande
escola estadual (por sinal coincidentemente localizada às proximidades do Lago
Curumu, cenário da consagrada e mais do que secular peça “O CEDRO VERMELHO”),
tomo a liberdade, por oportuno, de sugerir a Vossa Excelência batizar essa
escola, mediante projeto de lei a ser submetido ao Poder Legislativo, com o
nome de “FRANCISCO GOMES DE AMORIM” – com o que o Governo de Vossa Excelência
estará, sem dúvida alguma, saldando uma imensa dívida de gratidão para com o saudoso
vate lusitano e (re)valorizando, sobremaneira, a cultura regional.
Com
os meus protestos de elevada estima e consideração, subscrevo-me
os meus protestos de elevada estima e consideração, subscrevo-me
Atenciosamente.
LUIZ
ISMAELINO VALENTE
ISMAELINO VALENTE
Advogado
e Procurador de Justiça (aposentado)
e Procurador de Justiça (aposentado)
Contato:
ismaelino@terra.com.br
ismaelino@terra.com.br
http://www.omarambire.com.br”
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