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Escola em Chaves. Foto: CPT

O Ministério Público Federal vai monitorar preventivamente a qualidade da educação voltada a comunidades ribeirinhas, de modo a garantir um padrão de ensino que valorize os conhecimentos tradicionais e necessidades locais e que garanta eficiência na aplicação dos recursos por meio de planejamento, transparência e controle dos gastos.
O procurador da República Patrick Menezes Colares está preparando questionários que serão enviados às prefeituras de Muaná, Chaves e Melgaço, o município com pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do País.
Simultaneamente, será executada uma varredura de dados sobre a destinação, aos municípios, de recursos federais ou bens para a educação, como os do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), entre outros, e se houve alguma destinação destacada destes recursos à educação ribeirinha. 


Vigente no Brasil desde 2004, quando foi aprovada pelo Congresso Nacional, a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), garante a indígenas, quilombolas e demais povos tradicionais diversos direitos, entre eles o à educação. 

Entre as informações solicitadas aos dirigentes municipais estão a regularidade da inscrição das escolas no sistema de ensino do Estado, fornecimento e controle de qualidade da merenda, segurança e infraestrutura existente (biblioteca, quadra poliesportiva, computadores com acesso à internet, condições das redes elétrica e hidráulica) e dados sobre o conteúdo programático das aulas.
Também serão levantadas informações sobre ocorrências de discriminação étnica contra alunos, a frequência e a capacitação de professores, transporte e gestão escolar, acessibilidade dos prédios e programas de inclusão, além de atendimento a programas federais. 

O MPF vai recomendar aos municípios que sejam ouvidos alunos, pais, educadores e comunidade.
Caso as respostas apontem o descumprimento ou a execução deficiente ou irregular de políticas de educação ribeirinha, os prefeitos terão que justificar os motivos das desconformidades e relatar quais as medidas administrativas efetivamente tomadas para sanar os problemas, além de apresentar o cronograma para a solução das pendências e informações sobre recursos aplicados. 

As respostas terão que ser comprovadas por meio de documentos. Caso contrário, as questões serão consideradas não respondidas, o que pode levar inclusive ao ajuizamento de ações. 

Vejam aqui o álbum de fotos de escolas ribeirinhas do Marajó encaminhadas ao MPF pela Comissão Pastoral da Terra. E aqui exemplo do questionário.

Resta saber se efetivamente o dinheiro do governo federal está chegando a esses paupérrimos municípios. Vamos acompanhar.
Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, membro da Academia Paraense de Jornalismo, da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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