Publicado em: 9 de março de 2014








Às vésperas dos 400 anos, Belém do Pará tem até inventário dos imóveis em risco em seu centro histórico e adjacências. Mas carece de um plano de reabilitação que trabalhe o conjunto e todas as suas complexas correlações e não se limite às intervenções pontuais. Na Cidade Velha, por exemplo, na Rua Siqueira Mendes, 58, esquina com a Felix Rocque, um casarão está literalmente desabando. O reboco da fachada já caiu quase todo. Na Joaquim Távora, defronte da Praça do Carmo, uma edificação está com a frente escorada. Na Dr. Assis, no segundo quarteirão, há três casarões dos quais restam apenas as fachadas. Não demora muito, Belém vai ficar só com as fotos dos prédios tombados como Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural, porque tombados fisicamente o foram, diante do descaso oficial e do silêncio da sociedade.
No Boulevard Castilhos França, muitas casas estão prestes a desabar bem em frente a um dos pontos turísticos mais lindos e movimentados da cidade: a Estação das Docas. Além de um prédio secular, o da Alfândega, estar entregue aos vândalos e pichadores, bem como às intempéries, o Solar da Beira, ao lado do mercado de peixe no Ver-o-Peso, está relegado a total abandono, virou estacionamento de motos. E olhem que o Solar da Beira é uma construção em estilo neoclássico onde funcionava o antigo órgão responsável pela fiscalização municipal. Em tese, abriga o Museu do Índio (que na verdade já não está por lá há muitos anos) e parte da administração da feira do Ver-O-Peso, serve de base para guardas municipais e dispõe de banheiros abertos 24 h/dia, que são geridos por uma cooperativa.
Este é o cerne da questão: Belém precisa, urgentemente, de ações integradas em várias dimensões: simbólica, arquitetônica, urbanística, econômica e social. E isso não depende exclusivamente do poder público. A iniciativa privada ainda não captou o potencial que seus bens históricos detêm, inclusive economicamente rentáveis, justamente por suas características especiais, o seu diferencial.
As fotos dão da AAPBel – Associação dos Amigos do Patrimônio de Belém.
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