Publicado em: 7 de julho de 2014

Um dos ícones de Belém do Pará se foi na sexta-feira, 4: Dona Maria do Carmo Pompeu dos Santos, que há 48 anos vendia tacacá em frente ao Colégio Nazaré. Premiada e com clientela cativa, seu tucupi era inigualável, e ainda tinha rosquinhas de tapioca e outras delícias regionais que todo mundo que pelo menos já passeou um dia em Belém do Pará guarda na lembrança os cheiros e sabores. Foi com a sua banca que ela ajudou o marido a criar os cinco filhos. Dona Maria seguia um ritual para chegar ao ponto ideal do tacacá, que ela mesma fazia em sua casa, com a ajuda de três funcionários. Moía a mandioca e colocava a massa no tipiti. Depois de deixar o suco descansar por 24 h, levava ao fogo com alho, chicória e sal. Vendia a cuia fumegante a R$ 12, com goma de tapioca, jambu e camarão graúdo. Ao cair da tarde, sua barraca sempre foi lotada, com muitos até atrapalhando o trânsito em plena Av. Nazaré com pedidos para viagem, sem sequer sair do carro. Coisas de Belém. Que Dona Maria descanse em paz.
Aliás, por iniciativa do deputado Eliel Faustino(SDD), as tacacazeiras são reconhecidas oficialmente como integrantes do Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial do Estado do Pará. O projeto foi aprovado pela Alepa em 30 de outubro do ano passado e o governador Simão Jatene sancionou este ano a lei nº 7.752, publicada no dia 18 de fevereiro no DOE. Desde o século XVIII existem registros do preparo do tacacá como iguaria indígena, época na qual o alimento era consumido basicamente em ocasiões especiais. A partir do século XX, a iguaria passou a se propagar nas ruas das cidades paraenses. Hoje, há centenas delas espalhadas, principalmente, pelas vias públicas de Belém. A atividade vem sendo transmitida de geração em geração e contribui para a manutenção e divulgação da culinária típica paraense.
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