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É de clamar aos céus a situação dos pacientes no Hospital Ofir Loyola.


Vocês acompanharam o caso da paciente Leidiluci Ferreira Brito, no meu post Paciente com leucemia sem remédio


O governador Simão Jatene, em sua fan page, no Facebook, assim se manifestou, dirigindo-se a ela: “Assim que fui informado sobre o seu caso, ontem, mandei que providências urgentes fossem tomadas e que lhe fosse comunicado imediatamente, Posteriormente, soube pelo Dr Arthur Lobo, que ele mesmo havia entrado em contato com a Sra. para lhe explicar os procedimentos adotados, uma vez que, segundo a área técnica, o medicamento estava em falta em Belém, e tinha sido feita uma aquisição emergencial em São Paulo, com previsão de chegada na próxima sexta-feira. Desse modo, lamentando o ocorrido, só posso lhe pedir desculpas, não apenas pelo fato em si, mas por vivermos numa sociedade que por suas carências históricas, ainda convive com situações como a sua. Finalmente, na expectativa que essa lamentável experiências possa contribuir para que se evite a sua reprodução, pedi que a Dra. Heloísa Guimarães, secretária adjunta de saúde, procure identificar medidas para evitá-la. Que a senhora tenha sucesso na sua luta e Deus lhe dê saúde e Paz.”

A paciente assim respondeu ao governador:

Leidi Moranguinho “– Só gostaria de lembrar-lhe q esse medicamento esta em falta em Belém pelo simples fato de não vender esse medicamento na nossa Cidade, pois eu mesma entrei em contato com o laboratório responsável e pedi os distribuidores. Ressalto tbm que o medicamento esta em falta desde julho, e não é possível q vc tenha tido conhecimento só agora, sendo q de acordo com a ouvidoria do Hospital logo q o paciente dá entrada no hospital o medicamento tem que ser providenciado, o q não ocorreu até agora. E só no mês de Dezembro que resolveram fazer essa compra emergencial? E falta de fornecedor certamente não é, pois em contato com eles, solicitando o medicamento o mesmo chegaria em 24h via sedex, mas como pessoa física não posso comprar e mesmo se eu comprasse, não seria ressarcida, segundo a direção! E as carências históricas podem ser melhoradas com pessoas competentes e a cima de tudo humanas nos cargos públicos, principalmente para administrar o dinheiro público. Saiba que mesmo expondo meu caso na frente do Diretor do HOL Victor e tantos outros funcionários no auditório do hospital o Dr. Victor nem se quer me deu explicações à respeito desse problema. Tamanho descaso! Que o Senhor tenha sucesso na sua luta também.”


Recebi, na caixinha de comentários aqui do blog, atenciosa informação do Dr. Arthur Lobo, informando as providências tomadas por determinação do governador e do secretário especial Adnan Demachki, garantindo que a medicação fora comprada emergencialmente em São Paulo e que chegaria via sedex express no dia 27. Socializei o informe no Facebook, onde proliferavam comentários a respeito do problema.


Pois bem. A paciente, anteontem(28), fez o seguinte relato:






Leidi Moranguinho “- É MUITA SACANAGEM! Desculpe-me a expressão. Mas meu tratamento que reiniciou ontem acabou de ser
suspenso, pois disseram agora que não tem no hospital Ophir Loyola o
medicamento MITOXANTRONE da Quimioterapia Endovenosa que eu preciso tomar
associado ao ATRA(medicamento que estava em falta até ontem). Será que terei
que esperar mais cinco meses para esse chegar também? Que Desrespeito! A minha
luta é contra a Leucemia ou contra o Governo? Aff”

Mais tarde:

Leidi Moranguinho – O Dr. Arthur Lobo, Coordenador dos Hospitais
Regionais, entrou em contato comigo hoje às 18:30h, via torpedo, informando que
já entrou em ação e já providenciou duas ampolas do medicamento que estou
precisando. E prometeu providenciar mais cinco ampolas. No momento aguardo
ANSIOSA mais notícias”.

E ontem à noite: 

Leidi Moranguinho – Segundo informações do setor de Quimioterapia do Ophir
Loyola, foram entregues hoje três ampolas do medicamento que estou necessitando
para continuar o tratamento. E segundo o Dr. Arthur Lobo, amanhã às 18h serão
entregue as demais ampolas. Só farei a quioterapia após receber todas as
ampolas, para não correr o risco de supender o tratamento novamente. Estamos na
espera… mais uma vez…

Convém frisar que o drama de é emblemático. Há muitos pacientes na mesmíssima situação dela, sem vez nem voz, sem medicação nem atenção.



Em relação aos transplantes renais, a tragédia é a mesma. O HOL é o único hospital habilitado pelo Ministério da Saúde para realizar esse tipo de procedimento pelo SUS, na capital do Pará. O outro é o Hospital Regional do Araguaia, em Redenção.

Acontece que a equipe de transplante renal não está fazendo transplante inter-vivos desde setembro e parou também com o transplante de falecidos. A causa é a interdição há  dois meses de duas enfermarias (6 leitos) no 4º andar,  onde os leitos são exclusivos para os transplantados (vejam as fotos). Com isso não  é possível realizar a cirurgia. Há paciente à espera de leito de enfermaria para sair do CTI, outros na triagem. O preocupante é que o hospital diz que não sabe quando vai consertar porque tem que fazer licitação e não  há mais dinheiro.

Por outro lado, a equipe médica está sem receber honorários desde julho e não vai mais fazer transplante até que se regularize a situação. O curioso é que o Ministério da Saúde repassa mensalmente para a Sesma os recursos. 

Outra questão é a falta do exame específico (Tracolimos) para os já transplantados. Os pacientes necessitam fazer exames específicos para poder tomar a medicação corretamente. A licitação desses exames foram causas de várias reuniões durante este ano, que findou sem qualquer solução. 

Há cerca de 950 pessoas no cadastro único de transplantes e apenas 130 estão ativos, ou seja, só 130 estão aptos para concorrer a um doador falecido. Isto porque  o paciente leva 24 meses para realizar todos os exames e muitos deles dependem do HOL. Quando terminam,  os primeiros exames já caducaram e precisam ser refeitos, e assim ficam numa roda viva desumana. O HOL não prioriza o paciente renal para transplantar, e com isso vai aumentando o número de pacientes em diálise. 

Transplante não é cura, mas é qualidade de vida e é vida.  Falta, no mínimo, bom senso da direção, ao permitir a constante falta de luvas, esparadrapo, gaze e outros materiais básicos, tudo porque o HOL não consegue fazer uma licitação.

No serviço de hemodiálise a coisa é inadmissível: o hospital com vagas (eram 14, agora 6) e não disponibiliza para a Regulação porque não tem pessoal devidamente capacitado para o serviço, ou simplesmente porque não quer. Enquanto isso a fila de pessoas à espera de tratamento só aumenta, já está por volta de 150 em todo o Pará, e muitos morrendo nos PSMs à espera de diálise.

Quando a presidente da Associação dos Renais Crônicos, Belina Soares, soube desse número enorme de vagas foi pessoalmente verificar e constatou o 3º turno sem nenhum paciente. Depois de comunicar à direção do HOL e ao secretário de Estado de Saúde, correram para preencher e agora  faltam 6 vagas a serem preenchidas.

Os pacientes da hemodiálise sofrem constantemente na sala com o calor porque os condicionadores de ar pifam a todo momento. Sem falar nas cadeiras por vezes quebradas, desconfortáveis para quem precisa passar 4 horas nelas, três vezes na semana, o resto da vida.


TODOS os remédios da oncologia estão faltando, TODOS. E há muitos meses. Não há como fazer compra emergencial porque eles já o fizeram o ano todo. Faltam vários medicamentos em todo o HOL, inclusive antibióticos na UTI. 

A doutora Heloísa Guimarães não precisa de
muita coisa para identificar as muitas aberrações que estão acontecendo no HOL
e resolvê-las ou pelo menos relatar a verdade NUA E CRUA, SEM TENTAR MINIMIZAR
OS FATOS, ao governador Simão Jatene. 

Agradeço a atenção do governador, ao se pronunciar sobre esses fatos e determinar providências, ao secretário Adnan Demachki e ao Dr.
Lobo em informar ao blog as medidas tomadas. E aproveito para rogar que seja
feita auditoria em todos os hospitais do Estado, principalmente no HOL, a fim de
verificar os estoques de medicamentos e material, e que tais estoques sejam
publicados no site da Secretaria de Saúde, para controle social e em respeito aos
cidadãos que tanto deles necessitam.





Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, membro da Academia Paraense de Jornalismo, da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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