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Antigamente a gente fazia essas listas enormes de desejos e promessas para a virada do ano.

Prometíamos emagrecer enquanto comíamos mais um pedaço do panetone extra que ganhamos de natal.

Prometíamos entrar finalmente na academia, no manequim 38, que iríamos procrastinar menos, gastar menos com bobagens, e colocávamos metas ousadas como fazer aquela viagem para fora, correr finalmente aquela maratona, passar naquele concurso em busca da tão sonhada estabilidade…

Eu particularmente prometia que no ano seguinte iria pensar mais em mim. Iria finalmente me colocar em primeiro lugar! Iria olhar menos para o lado e mais para o meu umbigo! Ah, eu iria…

E que eu iria “trabalhar enquanto eles dormem” para obter os resultados que eu julgava que precisava ter!

Eram esses os nossos sonhos e promessas… você se identificou com algum?

Daí há dois anos veio a pandemia e mudou o mundo como conhecíamos. Nos mudou também.

Perdemos amigos, tantos amigos que fica difícil até de contar. Uns perderam grandes amores, pessoas insubstituíveis. Outros ainda vivem as sequelas da doença. Alguns perderam seus empregos. Muitos, os seus sonhos…

Por aqui, minha rotina mudou muito. Fiquei quase um ano sem comprar uma roupa nova. Em compensação usava roupa de sair em casa mesmo. Descobri que pedir comida pelo I-Food é um caminho sem volta. Que poucos são os amigos de quem eu realmente sinto falta e conclui que é com eles que quero gastar meu precioso tempo. Conclui que a minha casa é um paraíso! Que a natureza é um grande refúgio e você pode trazer ela pra dentro da sua vida através de uma única plantinha. Aliás, plantinhas também são um caminho sem volta.

Descobri que abraços fazem mais falta do que viagens, que não devemos julgar o luto de ninguém, que sonho de consumo mesmo é ter vacina para todos.

E que devemos comemorar cada momento feliz com toda a alegria que ele merece, pois não sabemos literalmente como será o dia de amanhã! Foram tantos os aprendizados nos últimos tempos…

Não sei vocês, mas eu atualizei minha lista de desejos e promessas para o ano 2022 e ela está bem diferente das que fazia antes da pandemia.

Não quero mais ter metas tão opressivas e angustiantes.

Quero procrastinar mais, se estiver em um momento de relaxamento.

Quero ter o peso que meu corpo e minha qualidade de vida me permitirem ter. Tanto faz o número do manequim…

Quero sim voltar à academia e desta vez acho que agora vai. Pois percebi que ter um bom preparo físico pode fazer a diferença estando doente.

Quero continuar trabalhando com o que amo sem me exigir demais. Nem buscar resultados que me deixem ansiosa demais ou exaurida.

Quero exigir menos dos outros também.

Quero abraçar.

Quero ter ao meu lado os amigos que fazem diferença e eles são poucos.

Ao contrário do que pensava antes, quero olhar mais para o lado e menos para o meu próprio umbigo. Prometo pensar mais no coletivo e menos no particular.

Quero minha família vivendo em paz. Quero filhos e netos felizes.

Quero ir à praia com o meu amor.

Quero respirar. Quero viver um dia de cada vez.

Sem pressa.

Mudei bastante nesses últimos tempos e minha lista acompanhou essas mudanças.

E você, mudou?

Aproveitou a “temporada dos infernos” para mudar o que era preciso, em você?

Eu sinceramente, e para o seu próprio bem, espero que sim.

Que 2022 te encontre diferente.

No ano que vem, prometa que vai ser feliz. Prometa que vai relaxar. Prometa que vai dormir direito, se alimentar bem e que não vai trabalhar demais. Que vai deixar a opinião dos outros pra lá. Que vai parar de dizer sim quando quer dizer não. Que vai prestar mais atenção no mundo e menos na sua bolha. Que vai pensar mais no bem comum entendendo que essa é a melhor alternativa para a sua vida melhorar. Aliás, prometa que VAI melhorar.

Porque se a gente melhora, o ano de todo mundo melhora também.

Feliz 2022 para todos vocês.

Julia Fontelles
51 anos, empreendedora há mais de 30 anos, proprietária da Le Panier D’Amelie-Cestaria, especializada em cestas de café da manhã e de happy hours. E-mail julia.villasanti@live.com

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