Publicado em: 9 de maio de 2025
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) realizou, entre os dias 14 e 28 de abril, a primeira fase da Operação Caraipé I, voltada para o combate à grilagem de terras públicas, desmatamento ilegal e loteamentos clandestinos no oeste do Pará. A ação aconteceu em resposta a uma recomendação do Ministério Público Federal (MPF) e resultou na aplicação de R$ 1,4 milhão em multas e no embargo de mais de mil hectares de áreas desmatadas ilegalmente.
A operação foi conduzida em parceria com o MPF, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), a Polícia Federal e a Força Nacional, com foco nos municípios de Santarém e Belterra, incluindo áreas de elevada importância ecológica como a Área de Proteção Ambiental (APA) de Alter do Chão.
O oeste do Pará tem sofrido forte pressão do mercado imobiliário, da expansão urbana desordenada e da grilagem de terras públicas. Em novembro de 2024, o MPF recomendou ações coordenadas para proteger as florestas públicas federais na região, destacando a situação das APAs de Alter do Chão, Amaranaí e o Planalto Santareno.
Em resposta, o Ibama incorporou as ações de fiscalização ao Plano Nacional Anual de Proteção Ambiental de 2025 e vem executando as medidas recomendadas pelo Ministério Público.
De acordo com levantamento do Ibama, quase nove mil hectares foram alvo de alertas de desmatamento entre dezembro de 2023 e dezembro de 2024 nas Glebas Federais Mojuí dos Campos, Ituqui, Concessão Antiga de Belterra A e Pacoval, localizadas em Santarém, Belterra, Mojuí dos Campos e Prainha. Cada hectare corresponde, aproximadamente, ao tamanho de um campo de futebol oficial.
Durante a operação, os fiscais identificaram loteamentos irregulares sendo comercializados por imobiliárias e particulares, tanto na Gleba Mojuí dos Campos quanto no Projeto de Assentamento Agroextrativista Eixo Forte, ambos em terras da União, sem qualquer título legal ou licenciamento ambiental.
As equipes do Ibama também flagraram tratores e motosserras operando na abertura de estradas e derrubada de vegetação, inclusive em Áreas de Preservação Permanente (APPs) próximas a igarapés. A expansão urbana desordenada e sem planejamento ambiental aumenta o risco de incêndios, destruição de nascentes e cursos d’água, além da perda da biodiversidade local.
Segundo o órgão ambiental, os dados da operação serão encaminhados ao Ministério Público Federal, que deverá aprofundar as investigações sobre os responsáveis pelos crimes ambientais e pelas organizações envolvidas na comercialização ilegal de terras públicas. O Ibama informou que as fiscalizações continuarão ao longo de 2025, com foco permanente nas áreas mais pressionadas pela especulação imobiliária e grilagem no oeste do Pará.
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