E não é mesmo!
Necessita coragem, peito aberto, serenidade e autoconhecimento.
Quando eu fiz 50 botei um pézinho nesse caminho. A cabeça pira um pouco, não vou negar. A gente começa a fazer conta do que já fez, do que ainda falta e de quanto tempo ainda temos de “juventude”.
E nessa matemática a gente chega a algumas conclusões…
Eu não perco mais tempo com nada que eu não posso mudar. Fiz MUITO esforço pra mudar muitas coisas antes dos 50 e consegui. Foi bom e agora colho os frutos, mas já chega. Agora não quero mudar mais nada. Não quero forçar mais coisa alguma. Deixa vir o que tiver que vir, deixa ir o que tiver de ir. Não deixo de entrar numa boa briga porque sou dessas, mas hoje estou um pouco mais seletiva pra escolher no que vale a pena gastar minha preciosa energia.
Aprendi que se afastar sem dar muita explicação pode ser melhor do que brigar. E aprendi inclusive a tolerar muito mais. Se uma pessoa erra comigo eu boto na conta, mas não a elimino enquanto o saldo ainda for positivo. Afinal eu erro também.
A conta da velhice chega para todos, é verdade, mas para a mulher, ela chega mais alta e mais cedo. A minha trouxe junto a menopausa. O cabelo mudou, o rosto mudou, o corpo mudou, a disposição mudou. Pela primeira vez me vejo já não fazendo tanta questão de viajar como eu fazia antes. Não que eu tenha parado de gostar, mas agora a viagem tem de vir com alguns adicionais, sendo o principal deles: conforto absoluto.
Noto que os cinquenta anos estão para a velhice como a pré-adolescência está para a vida adulta: a gente não consegue enxergar bem o nosso lugar. Muito velhas para certas atitudes. Muito novas para outras. Se você tem 30 a 40 anos e faz uma dancinha com a música da moda nas redes sociais, você é divertida e sexy. Se você faz a mesma dancinha com 60 ou 70, ahh, você é muito fofa, ganha logo milhares de seguidores porque é autêntica, uma gracinha! Tente fazer o mesmo com 50 anos… Não dá! A idade não te permite nada. Você não consegue mais ser a sexy (pelo menos nós mortais comuns que não somos uma Cláudia Raia na vida real) mas tampouco somos a fofa. Ficamos só meio “fora do lugar” mesmo. E nesse “nem lá, nem cá” é muito difícil encontrar o nosso espaço no mundo.
Que estilo de roupa ainda fica bem?
Que cabelo ainda dá para usar?
Onde eu me encaixo?
Mas calma que tem luz no fim desse túnel, porque de tanto tentar encontrar onde cabemos, acabamos nos encontrando. Esse é o nosso “gol de placa!”
Abrimos muitas concessões para as surpresas da vida, “deixa vir o que vier”, mas não abrimos nenhuma mais que nos impeça de ser o que nascemos para ser. Simplesmente, aos 50, nos tornamos nós mesmas. E isso é uma delícia! Não precisamos mais da aprovação de ninguém.
Nem dos amigos, nem dos filhos, nem dos pais. Somos o que somos, e como somos!!!
As minhas roupas ficaram mais coloridas, o meu estilo se definiu, o meu cabelo encurtou, a minha coragem cresceu, a minha audácia aumentou.
Virei dona de mim mesma.
Não foi um processo fácil, mas nenhuma fase da vida é. Hoje me sinto plena e grata, mas precisei me aventurar no autoconhecimento e encarar que nem sempre iria gostar do que descobriria sobre mim mesma. Vi as minhas sombras, briguei com elas e depois as aceitei, elas também fazem parte do que sou. Eu sempre vou falar mais do que devo. Eu sempre vou me magoar mais do que o comum porque sou uma canceriana raiz. Eu sempre vou lutar para sair de qualquer buraco que eu cair. Eu sempre vou me levantar. Eu sempre vou achar graça. Eu sempre vou procurar a felicidade e a alegria. Eu nem sempre serei justa. Nem sempre serei legal. Nem sempre serei a amiga ideal embora no geral eu seja sim uma boa amiga. Nem sempre acertarei. As vezes sequer tentarei. Fiz as pazes com tudo isso que vem em mim.
Mas é preciso ter coragem. Envelhecer é olhar para si mesma e não reconhecer mais o rosto, MAS FINALMENTE reconhecer a alma. E isso é muito mais bonito e importante!
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